BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro passou das ofensas à ação. Mesmo desaconselhado por auxiliares e pela cúpula do Congresso, assinou nesta sexta-feira, dia 20, um pedido formal de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, responsável pelo andamento de processos contra ele e apoiadores no Supremo Tribunal Federal.
O ato inédito do chefe de um poder, o Executivo, ao pedir a destituição de um membro da cúpula de outro, o Judiciário, inflama os militantes bolsonaristas para a manifestação de viés antidemocrático que ameaçam promover no Sete de Setembro.
Organizadores e parlamentares governistas foram alvos mais cedo de medidas cautelares, assinadas por Moraes. Querem promover marchas, acampamento em Brasília e greve de caminhoneiros por tempo indeterminado, às custas da economia, o que pode prejudicar o próprio governo.
Bolsonaro deixou de sair na foto caminhando do Palácio do Planalto ao gabinete do presidente do Senado Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que segue pregando ao vento “pacificação” e consenso. Um funcionário da Presidência protocolou o documento no Legislativo, mas é o presidente quem assina, com firma reconhecida às 15h31 desta sexta, a peça de impeachment encomendada à Advocacia-Geral da União.
Líderes do Congresso condenaram a papelada de 18 páginas ao engavetamento. A cúpula da Suprema Corte repudiou a ofensiva. Bolsonaro interditou de vez as reuniões entre os poderes, expediente fugaz para momentos de crise entre as cúpulas do Legislativo, do Judiciário e do Executivo.
Mas a militância aplaudiu. Prontamente, o protocolo da denúncia contra Moraes serviu de combustível nas redes de WhatsApp da tropa bolsonarista que clama por uma ruptura institucional, com fechamento do Supremo e intervenção militar. A palavra de ordem bolsonarista agora é: “ou abrem o impeachment ou paramos o País”.