Impacto matou técnico da Petrobrás

Por Agencia Estado
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O médico legista Ricardo Goulart Simões, do Instituto Médico Legal (IML) de Macaé, disse que uma das vítimas do acidente da plataforma P-36, da Bacia de Campos, cujo corpo foi resgatado hoje, morreu devido a um impacto. ?Pode ter sido jogado contra a parede ou ter sido atingido por algum objeto?, explicou o médico. Isso indica que a vítima, provavelmente, morreu no momento da explosão e não depois, quando a água invadiu a coluna. ?O corpo está mutilado e deformado?, disse o delegado titular do distrito de Macaé, Antônio Carlos de Carvalho. Ele observou que a Petrobrás colocou à disposição do IML todos os recursos necessários para o reconhecimento das vítimas. ?A estatal colocou um dentista à nossa disposição e prometeu arcar com os custos de exames de DNA, se for necessário.? O IML trabalha com os nomes de dois funcionários para identificar o cadáver. ?Utilizando dados como peso e altura reduzimos a lista. As duas famílias foram contatadas para fornecerem detalhes como fichas dentárias para facilitar a identificação definitiva?, disse o médico legista Ricardo Goulart Simões. Os nomes dos dois funcionários não foi divulgado. O presidente da Petrobrás, Henri Philippe Reichstul, disse que, a pedido das famílias, os mortos serão homenageados pela empresa. ?São dez funcionários que deram a vida para salvar outras 165 pessoas. São bravos, são heróis?, declarou. ?Nossa prioridade máxima é resgatar os corpos e estamos trabalhando para isso?. O executivo disse ainda que, caso o equipamento afunde com os funcionários mortos, a Petrobrás vai ?encontrar meios políticos para garantir que as famílias não tenham de esperar (o prazo de cinco anos determinado por lei) para que os desaparecidos tenham atestado de óbito.? Críticas - Sandra Maria dos Santos, irmã do mecânico Sérgio dos Santos Souza, que morreu no acidente, também disse que os funcionários que combateram o fogo são heróis, mas criticou duramente a formação da Brigada de Incêndio. ?É um absurdo que funcionários tenham que combater incêndio. A Petrobrás tem que ter bombeiros especializados nisso dentro da plataforma?. As Brigadas de Incêndio são, em geral, formadas por funcionários que recebem um treinamento adicional para combaterem o fogo. Os engenheiros ingleses Andy Stayman e Paul Raine estavam há três semanas na plataforma que explodiu, mas foram resgatados sem qualquer ferimento. ?Eu estava dormindo na hora do acidente e acordei com um barulho que parecia o de um navio batendo na plataforma?, disse Raine. Ele disse que há 11 anos trabalha em plataformas de petróleo, mas que foi a primeira vez em que passou por uma situação de grande risco. ?Mas sei que é um trabalho perigoso. Faço isso pelo dinheiro?. Os dois engenheiros abandonaram na plataforma suas roupas, passaportes e cerca de US$ 300 cada um. Eles explicaram que a Petrobrás lhes forneceu vestimentas e hospedagem, enquanto sua empresa - a GE Nuovo Pignone do Brasil - enviou dinheiro. ?Na segunda-feira vamos ao consulado britânico no Rio de Janeiro para tratar da emissão de novos passaportes.? Outro acidente - O técnico Aílton Constantino, que se acidentou na sexta-feira numa plataforma de produção no campo de Cherne, ainda está internado para observação no Hospital São João Batista, em Macaé, mas de acordo com a chefia da enfermagem passa bem. Segundo informações do hospital, o trabalhador está consciente e anda pelo quarto. Constantino foi atingido por um cabo que se rompeu na plataforma em que trabalhava e teve um ferimento na cabeça e outras escoriações pelo corpo. O hospital explicou, no entanto, que não se trata de um traumatismo craniano grave.

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