Iludir é preciso

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Por Dora Kramer
Atualização:

O PT comemora a recuperação de alguns pontos positivos para a presidente Dilma Rousseff nas pesquisas e atribui a boa nova à ofensiva de difamação contra a ex-senadora Marina Silva.Na avaliação do comando, depois de alguns desacertos a campanha acertou a mão. Por "acerto" entenda-se a seguinte narrativa da propaganda eleitoral petista: Marina é candidata dos banqueiros a quem pretende entregar o País caso seja eleita presidente, permitindo que aquela gente malvada leve à miséria o povo brasileiro.Se ao uso de invencionices é atribuído o resultado das pesquisas que apontam o empate entre a presidente e a ex-senadora - representando o estancamento da queda de uma e a parada da subida de outra -, evidentemente o recurso será cada vez mais utilizado. Aliás, já está sendo.A campanha do PT não está preocupada com a verdade dos fatos porque não está falando para os informados. Aposta na massa que não dispõe de dados nem discernimento suficientes para cotejar os fatos e conta uma história que parece fazer sentido. Exatamente para esse público no horário eleitoral a presidente Dilma agora resolveu "explicar" didaticamente como, quando e porque seu governo deu combate sem trégua à corrupção, tema até então evitado na propaganda e só abordado em entrevistas mediante provocação.Segundo ela, os escândalos dos últimos anos foram apenas uma "falsa impressão" de aumento da corrupção. Nessa nova versão esses casos viraram notícia só porque o governo assim decidiu. Isso a despeito de nenhum deles ter sido descoberto por iniciativa oficial, todos terem sido em princípio desmentidos, vários dos personagens envolvidos demitidos depois reincorporados aos ministérios, investigações escancaradamente barradas e denúncias reiteradamente ignoradas.Está claro, pois, que a campanha do PT achou um atalho mais fácil para travar o atual combate: no lugar de tentar convencer, prefere enganar o eleitor. Campo no qual se sente bastante à vontade. Melhor de três. O senador Aécio Neves disse na entrevista ao Globo que se perder a eleição será um oposicionista. Como não se pode levar em conta a hipótese de uma composição com governo do PT, resta o subentendido de que se referia à recusa de adesão no caso de vitória de Marina Silva.A declaração pode ser compreendida de diversas formas. A mais simplesinha, a admissão prévia de que está fora do páreo. Outra: como presidente do PSDB vai se empenhar para que o partido fique de fora de um hipotético governo do PSB.Uma terceira seria o reconhecimento de que uma nova disputa presidencial precisaria ser precedida de uma posição atuante, com mais atenção à ligação com a sociedade e menos confiança nos resultados da política de bastidor. Destaques. Enquanto as pesquisas não revelam grandes alterações no cenário da disputa presidencial, nas eleições estaduais os números trazem algumas novidades.Em Pernambuco, a virada de Paulo Câmara (candidato de Eduardo Campos). Saiu de 13% para 39% passando à frente de Armando Monteiro, que liderava com 47% e agora tem 33%.No Rio Grande do Sul, a candidata Ana Amélia se distancia no primeiro lugar do governador Tarso Genro, cumprindo até agora a tradição gaúcha de não reeleger governadores.No Distrito Federal ocorre um paradoxo. José Roberto Arruda, ficha suja concorrendo a poder de recurso, está em primeiro lugar para o governo. Ao Senado, o candidato disparado é o deputado José Antonio Reguffe cujo capital é a ficha limpa: não usa cota de passagens, devolve salários extras, defende redução de verbas e gabinete e recusa auxílio moradia.

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