PUBLICIDADE

‘Ideia é ter uma Câmara de cabeça erguida’

Entrevista com Arlindo Chinaglia, candidato do PT à presidência da Câmara

Por Erich Decat , Ricardo Della Coletta e João Domingos
Atualização:

Ex-presidente da Câmara dos Deputados e ex-líder do governo na Casa, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) sabe que há um clima contrário ao seu partido no Congresso. E que isso poderá ter influência no resultado da eleição. Portanto, ele tenta se desvincular de qualquer apoio do governo à sua candidatura. Afirma que o adversário Eduardo Cunha levou o clima pós-eleitoral para dentro da Casa. 

Arlindo Chinaglia é deputado federal desde 1995, trabalhou no governo Marta Suplicy e já presidiu a Câmara (2007-2009) Foto: Dida Sampaio/Estadão

O senhor é o candidato do Palácio do Planalto? 

PUBLICIDADE

Pago o preço naturalmente por ser do PT, por ter sido líder do governo. Qualquer candidato que aparecer como candidato do Planalto tem uma reação da Casa. E não é por acaso que se tenta explorar a minha trajetória. 

O novo ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Pepe Vargas, está atuando a seu favor na disputa? 

Até ontem ele não era ministro e discutia com a gente estratégias não só da minha candidatura, mas do Parlamento. Um deputado vira ministro, mas não uma folha em branco. Daí você dizer que os ministros vão entrar em campanha é outra história. Se o Planalto entrar me derrota. A ideia de uma Câmara de cabeça erguida faz parte do meu currículo. 

Como o senhor trataria um eventual pedido de impeachment da presidente da República, caso venha a ser feito? 

Não acredito que haja um pedido sério. Se vier, é alguma maluquice, sem sentido. 

Publicidade

O senhor acha que quando Eduardo Cunha o associa ao PT e ao governo, está se aproveitando do clima pós-eleitoral?

Ele é inteligente. Quando você faz um discurso na Câmara de que o presidente não pode ser do PT, num primeiro momento você cativa aqueles que se sentiram de alguma maneira contrariados com o resultado eleitoral ou com a campanha. 

Além do Eduardo Cunha, tem o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) concorrendo. Se o senhor passar para o segundo turno, espera ter o apoio dele? 

Sim. E ele pode contar comigo também. O Júlio nunca fez qualquer insinuação a meu respeito. Nessa dinâmica, que não foi criada por mim, a aliança de segundo turno, se depender de mim, está colocada. 

Eduardo Cunha é citado no esquema na Lava Jato. Acredita que isso pode atrapalhar a candidatura dele? 

Prefiro não comentar essa circunstância exatamente por ele estar disputando a presidência da Câmara. Acho que isso diz respeito, no momento, à Procuradoria-Geral da República, ao Supremo e ao próprio Eduardo. Prefiro me manter distante. 

Como vai conduzir possíveis processos de pedido de cassação contra os deputados? 

Publicidade

É preciso um cuidado para que não haja generalizações. Cada caso é um caso. E na Câmara tem um trâmite normal. O ministro da Saúde Arthur Chioro defende a criação de um novo tributo para ser aplicado na área. 

Como o senhor vê a possibilidade de criação de um novo imposto no País? 

Na minha opinião, isso não ajuda o debate no Congresso porque tende a haver reação. Isso não está em discussão agora na Câmara. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.