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Ibope: 67% votariam em uma mulher para presidente

Por Gustavo Uribe
Atualização:

Pesquisa divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope), feita em conjunto com o Instituto Patrícia Galvão e o Cultura Data, apontou que 90% dos brasileiros elegeriam uma mulher para cargo público. Desse grupo, 74% votariam em uma mulher para prefeito, governador ou presidente, o que, do total, corresponde a 67% dos brasileiros. A pesquisa foi realizada entre os dias 13 e 17 de fevereiro, com 2.002 entrevistas em 142 municípios de todas as regiões do País. A pesquisa ainda aponta que para 83% dos entrevistados a presença de mulheres no poder "melhora a política". Na opinião de 75% deles, só há democracia, de fato, se elas estiverem nas várias instâncias de poder. Já para 73% dos brasileiros a população ganha com a eleição de um maior número de mulheres. O apoio à presença feminina no panorama político nacional foi constatado em todos os segmentos da amostra, tanto demográficos como regionais. Em contrapartida à opinião da maioria favorável à participação feminina no poder, a realidade não se revela tão otimista em relação às mulheres. De acordo com a Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, ligada à Presidência da República - e que apoiou a pesquisa -, o Brasil conta hoje com apenas 8,9% de mulheres no Congresso Nacional, 12% nas assembleias legislativas e 12% nas câmaras municipais. Segundo a União Interparlamentar (UIP), organização internacional com sede em Genebra, na Suíça, o Brasil ocupa a 141ª colocação no ranking que avalia a presença de mulheres em parlamentos de 188 países. Entre os países da América Latina, o Brasil fica à frente somente da Colômbia. Cotas Como na maior parte dos países latino-americanos, a legislação eleitoral brasileira estipula às mulheres participação de 30% nas listas de candidatos dos partidos políticos. No entanto, a pesquisa do Ibope indica que, dentre as nações que oferecem cotas para mulheres, o Brasil tem o pior resultado entre o número de eleitas. Na década de 1990, por exemplo, as mulheres representavam 10,8% dos parlamentares da América Latina. A partir de 2000, após a adoção de políticas de cotas em vários países, o índice saltou para 18,5%. Argentina e Costa Rica apresentaram os melhores resultados: passaram de 6% e 14% para 38,3% e 36,8%, respectivamente. Segundo os pesquisadores do Ibope, diferente dos outros países latino-americanos, a lei de cotas brasileira não estabelece sanção para os partidos políticos que não cumprem a legislação. A pesquisa do Ibope também levou em conta o critério racial no voto do brasileiro e 77% dos entrevistados afirmaram que votariam em um homem negro e 75% elegeriam uma mulher negra para qualquer cargo público, número maior dos que votariam em mulheres de qualquer raça. De acordo com o instituto, o impacto da eleição de Barack Obama à presidência dos Estados Unidos pode ter interferido nas respostas. Ainda assim, a predisposição em votar em candidatos negros para qualquer cargo é maior do que em votar, genericamente, em mulheres.

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