Hostilidade entre antigos aliados marca debate em Porto Alegre

Prefeito José Fogaça, candidato à reeleição e favorito nas pesquisas de intenção de voto, foi o principal alvo

PUBLICIDADE

Por SINARA SANDRI
Atualização:

O primeiro debate das eleições pela prefeitura da capital gaúcha, promovido pela TV Bandeirantes na noite de quinta-feira, foi marcado pela hostilidade entre antigos aliados. O prefeito José Fogaça (PMDB), candidato à reeleição e favorito nas pesquisas de intenção de voto, foi o principal alvo, enquanto as três candidatas de esquerda travaram uma guerra particular na luta por uma vaga no segundo turno. Apesar da participação de vários partidos nas administrações da governadora Yeda Crusius (PSDB) e Fogaça comprometer a maioria dos candidatos e complicar a estratégia de firmar um campo de oposição, o atual prefeito foi bastante atacado, particularmente pelo deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM), quinto nas pesquisas. "(Fogaça) Foi eleito com a expectativa de mudança e teve inclusive o meu apoio. Muitas coisas ficaram iguais, outras pioraram. O que deu errado?", questionou o candidato do DEM. A estratégia do confronto foi anunciada pelo próprio Onyx pouco antes do início do debate. Na sua avaliação, ele e Fogaça crescem na mesma fatia do eleitorado, enquanto Maria do Rosário (PT), Manuela D'Ávila (PCdoB) e Luciana Genro (PSOL) disputariam outra faixa. Além de defender as realizações da atual administração, Fogaça atacou a falta de experiência dos adversários. Para o atual prefeito, por desconhecimento, alguns candidatos "fazem ousadias e promessas difíceis de realizar". "Onyx desconhece (a situação da prefeitura), por isso não pode ser prefeito", disse. Fogo camarada  Empatadas em segundo lugar nas pesquisas eleitorais, nem mesmo o passado comum serviu para amenizar a disputa entre Maria do Rosário e Manuela D'Ávila. A candidata petista, que iniciou sua carreira política no PCdoB, precisou defender as quatro administrações petistas na capital e as acusações de que o partido teria esgotado um modelo de gestão e não teria condições de oferecer nenhuma novidade para administração da cidade. Para Manuela, a estratégia adotada foi apontar a responsabilidade da adversária na persistência de problemas no serviço público que não teriam sido resolvidos durante os 16 anos em que o PT governou a cidade. Na reação, Rosário cobrou coerência e lembrou a participação do PCdoB nos governos petistas. Além disso, atacou a aliança feita pelos comunistas com o PPS, partido que participa do governo Fogaça e tem integrantes no centro da crise política do governo Yeda Crusius, provocada por denúncias de desvio de dinheiro para campanhas eleitorais. "Os problemas (na área da saúde) podem ter começado antes, na época em que estávamos juntas. A questão é saber com quem andamos, quem somos. A política tem lado", rebateu Rosário. Apresentando uma posição crítica ao que considera conformismo em relação à não resolução de problemas, Manuela apresentou como novidade a idéia de buscar soluções "novas" e "integradas" para os dilemas da cidade e mostrou que aposta na viabilidade de ser uma alternativa à polarização que marca a política na capital gaúcha. "Não precisamos ser reféns de projetos de pessoas que não têm ouvidos e só têm bocas. Porto Alegre não precisa ser refém de dois projetos que se revezam (no poder)", disse Manuela.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.