Hospital São Paulo pode parar de receber pacientes

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Por Agencia Estado
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Déficit mensal de R$ 2 milhões, dívida de R$ 60 milhões e conta de luz atrasada há 14 meses. Esse é um pequeno retrato da situação do Hospital São Paulo (HSP), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o maior da rede de 45 hospitais universitários federais, com atendimento a 4.500 pessoas por dia. Diante desse quadro, seu diretor superintendente, José Roberto Ferraro, não afasta a hipótese de parar de receber novos pacientes e reduzir o atendimento do Pronto-Socorro, caso não receba mais recursos. As causas dos problemas do HSP são idênticas às dos seus congêneres - remuneração pelo SUS pelo número de atendimentos e limite do número de procedimentos que pode realizar - com um agravante: tem mais funcionários terceirizados. "No nosso caso, apenas 30% do empregados são concursados e pagos pelo Ministério da Educação (MEC)", explica Ferraro. "Os restantes são pagos com dinheiro do SUS, que deveria estar sendo empregado no custeio do hospital." Para resolver de vez a penúria crônica dos HUs, Ferraro só vê um caminho: "Precisamos ter orçamento próprio, a exemplo do que ocorre com os hospitais estaduais de São Paulo. Mas não para gastar de qualquer jeito. Junto com o orçamento viriam metas de atendimento. Esse modelo vem dando certo no Estado de São Paulo." Hoje, além do dinheiro do SUS, os HUs recebem verbas de convênio e parcerias e de emendas parlamentares ao orçamento do MEC. Neste caso, no entanto, a verba deste ano, no valor de R$ 11,5 milhões, está retida pela área econômica do governo. Para amenizar a escassez de recursos enfrentada pelos HUs, desde 1997 um acordo entre o MEC e o Ministério da Saúde destina R$ 60 milhões por ano aos 45 hospitais da rede. Não é suficiente, no entanto. "No nosso, tudo somado chega a 70% do que precisamos", conta Ferraro. Para ele, o governo federal deveria levar em conta a importância dos HUs. Ferraro dá alguns dados. Em 2001, esses hospitais responderam por 50% das cirurgias cardíacas do País, 50% das neurocirurgias e 70% dos transplantes. "Além disso, os HUs têm um papel social, pois atendem a população mais pobre", diz. "É também neles que são formados os novos médicos. Por isso, o governo não pode pensar só no superávit de suas contas. É preciso ter olhos para a questão social."

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