PUBLICIDADE

Herman, o touro que tinha algo de humano, foi sacrificado

Por Agencia Estado
Atualização:

Herman, o Touro, o primeiro animal doméstico do mundo a ter gene humano, foi sacrificado hoje porque estava sofrendo de uma forma de artrites, informou o museu onde vivia. Ele tinha 13 anos, não era muito velho para um touro. E a doença não teve nada a ver com a manipulação genética a que foi submetido. Um gene humano foi inserido no código genético de Herman quando estava ainda no estágio embriônico, em 1990, na esperança que suas crias fêmeas produzissem leite com proteína humana. O processo era pioneiro, na época, mas desde então foi aperfeiçoado e é de uso corrente. O experimento foi um sucesso apenas parcial. O leite das descendentes de Herman continham proteínas, mas a um nível tão baixo que não valia a pena, comercialmente, explora-lo. A Pharming NV, a empresa que modificou Herman, passou por uma reestruturação em 2001. As 55 crias de Herman foram abatidas depois de a experiência concluida e ele teria o mesmo destino se um programa de televisão não o tivesse mostrado lambendo carinhosamente um gatinho. Levantou-se um clamor público, liderado pelos ativistas dos direitos animais, que o salvou. Ele até ganhou um decreto de clemência do parlamento, embora tivesse de ser castrado. Um porta-voz do Museu Naturalis, em Leiden, onde Herman passou seus últimos anos, disse que as juntas do animal estavam completamente degeneradas pela doença. ?Ele foi sempre bem tratado e feliz, mas podia-se ver, no fim, que ele estava sofrendo?, afirmou Hans Dautzenberg. ?Ele evitava movimentar as patas e quando se deitava, permanecia assim por muito tempo.? Herman viveu em uma fazenda por anos, até que os recursos para mantê-lo se acabaram. Foi levado, então, ao Naturalis e mantido em exposição para cobrir os custos de seus cuidados. Herman não tinha permissão de sair de seu cercado até hoje, quando foi levado a um hospital veterinário, em Utrecht, e sacrificado. Nestes últimos anos, duas vacas clonadas, Holly e Belle, fizeram-lhe companhia. Dautzenberg disse que a pele do touro será mantida num depósito, caso o museu queira mandar empalhá-lo para o por em exposição. O imenso animal de 1.125 quilos era um cruzamento entre duas raças holandesas, Zwartbont Holstein Frisian e Groninger Blaarkop. O focinho e a cara eram brancos com anéis pretos em volta dos olhos e tinha chifres protuberantes. Herman era, acima de tudo, muito manso, especialmente após a castração. E sua criadora, Marije de Vos, disse que ele adorava música. Escutava uma rádio especializada em rap dia e noite. ?Deixava-o calmo?, ela assegurou.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.