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Hélio Luz deixa o PT por "divergência política"

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Por Agencia Estado
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O xerife vai pendurar a estrela. Desiludido com o que considera "desvios de comportamento" do PT, o deputado estadual e delegado aposentado Hélio Luz, ex-chefe da Polícia Civil do Rio, comunica amanhã ao partido que o está deixando. Luz, que já decidira não concorrer à reeleição por não concordar com o governo da petista Benedita da Silva, sucessora de Anthony Garotinho (PSB) desde que ele renunciou para tentar a Presidência, disse hoje à Agência Estado que "desistiu do PT" por "divergência política intransponível". Mesmo o voto em Luiz Inácio Lula da Silva poderá ser repensado, admitiu. "Não sei o que vou fazer, sei o que não vou fazer: não vou ficar no parece, mas não é", criticou ele, que sai do partido apenas 18 dias após a posse de Benedita. Curiosamente, o deputado disse ainda não se considerar decepcionado com a Assembléia Legislativa, onde está terminando seu primeiro e único mandato, para o qual se elegeu em 1998. "Decepção eu tive com o PT, não pensei que fosse o que é." Ele sai do PT sem destino definido e deve ficar sem filiação partidária. Cauteloso, escolhendo as palavras - "Esse negócio me dói muito" -, o parlamentar se recusou a ser mais específico sobre o que o incomodou no PT a ponto de fazê-lo deixar a legenda. "Isso é questão interna", disse. Em 1999, problemas semelhantes o fizeram enviar um documento ao presidente nacional do partido, José Dirceu, alertando-o sobre "questões que poderiam gerar desgaste". Quando o repórter insistiu, respondeu em linguagem cifrada. "Com o tempo, começa-se a perceber o que se avizinha à distância, como quando se está no campo e se percebe que se arma uma tempestade", disse. "Está meio escuro." Luz lembrou que ajudou a criar o PT, em 1979, na zona oeste da capital. "Não é mais aquele PT, está muito distante", lamentou. O deputado disse que é preciso "reconhecer os fatos". "Eles, do chamado Campo Majoritário (Articulação e aliados, tendências petistas), são maioria, dão o rumo", afirmou. O deputado negou que pretenda ir para a oposição, mas lembrou que já declarara não se considerar parte da bancada de sustentação do governo petista. Chegara a pedir, na semana passada, uma CPI para investigar o Grupamento de Policiamento em Áreas Especiais (Gpae), que atua no Morro do Pavão-Pavãozinho. O parlamentar disse ainda ser contra a reeleição, que, em sua opinião, acaba com os partidos, e atribuiu a corrupção na administração pública, como a exibida no programa Fantástico, da Rede Globo, envolvendo fornecedores da prefeitura de São Gonçalo, ao caixa 2 das campanhas eleitorais. Ele também criticou a estrutura política do País. "Para quê tenho que ter 20 assessores?", perguntou. "Para quê tenho uma folha de pagamento líquida de R$ 45 mil? É uma empresa, não é? E para quê? Para me reeleger." Ligado à esquerda do PT, Luz foi acusado no passado de, quando era delegado no interior, há alguns anos, ter recebido depósitos em dinheiro de Jair Coelho, o "Rei das Quentinhas", que fornecia comida para delegacias. Mas alegou que o fez porque a comida era ruim e ficava mais barato comprar no comércio local.

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