HC de SP testa novo tratamento contra depressão

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Por Agencia Estado
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Um campo magnético, parecido com o produzido por equipamentos de ressonância, poderá ser um forte aliado dos tratamento contra a depressão. Há quatro meses, especialistas do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas (IPq-HC) testam o novo método em seres humanos. Até agora, os resultados são otimistas. Na depressão, várias regiões do cérebro funcionam menos do que deveriam. Uma dessas áreas corresponde ao canto esquerdo da testa, por exemplo. Depois de identificada, essa região é estimulada com o equipamento que produz campo magnético. No método, chamado de estimulação magnética transcraniana, não há contato do equipamento com a cabeça do paciente. A aplicação da estimulação magnética transcraniana é indolor. Durante a sessão de aplicação, o paciente permanece sentado e acordado, sem necessidade de ser internado. As sessões são diárias e duram cerca de 12 minutos. "Não há efeitos colaterais", diz o psiquiatra Marco Antonio Marcolin, responsável pelo projeto de pesquisa no IPq-HC. Efeitos colaterais são o grande vilão do tratamento da depressão com medicamentos. Entre eles estão ganho de apetite, dor de cabeça e alteração do desejo sexual. Para não criar falsas expectativas em quem sofre de depressão, o presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, Marco Antonio Brasil, reforça que o novo método ainda está em fase de testes e, por isso, não está disponível nas clínicas de tratamento. "A principal vantagem é ser um recurso que não invade o corpo, nem provoca efeitos colaterais. Mas é preciso investigar se o método é eficaz para tratar depressão." Testar a eficiência da estimulação magnética transcraniana é o objetivo da equipe do IPq-HC. Por enquanto, o instituto testa o novo método em 50 pessoas, com depressão moderada ou grave. Os especialistas querem saber se a estimulação magnética transcraniana ajuda no tratamento com remédios. Em geral, leva de três a oito semanas para que os medicamentos antidepressivos comecem a diminuir os sintomas. Os pesquisadores pretendem avaliar se a estimulação magnética é capaz de reduzir esse período. Os 50 pacientes voluntários que participam do estudo são tratados com um antidepressivo tradicional. Depois de uma semana tomando o remédio, metade do grupo começou a se submeter às sessões de estimulação magnética. A outra metade também passa por sessões, mas o equipamento não está ativado, ou seja, esse grupo não recebe a estimulação. Nem os pesquisadores nem os pacientes sabem quem está recebendo a estimulação magnética de verdade e quem não está. Ao final do estudo, os pesquisadores vão saber se quem fez a estimulação melhorou antes do que os que não fizeram. Outra resposta que os especialistas terão é se os pacientes tratados com estimulação magnética atingiram níveis mais baixos de depressão do que os outros. "No futuro, a estimulação magnética pode ser uma opção para os pacientes que não melhoram com medicamentos", diz Marcolin. O IPq-HC é o primeiro hospital no País a testar o método. Centros no Canadá, Estados Unidos, Itália, França, Alemanha, Áustria, Austrália e Espanha também testam a estimulação magnética transcraniana.

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