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HC de Curitiba faz transplante duplo entre pessoas vivas

Por Agencia Estado
Atualização:

O Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná realizou este mês o primeiro transplante intervivos duplo, de fígado e rim, de sua história. "Devemos realizar dois ou três por ano, porque a demanda por esse procedimento não é tão grande", previu o coordenador das equipes de Transplante Hepático e Renal do HC, Júlio Coelho. O doador, o pedreiro Paulo Kuss, 52 anos, já deixou o hospital, enquanto sua filha Cibele, 25 anos, sairá nos próximos dias. Portadora de uma doença congênita, que acumulava glicogênio no fígado, Cibele teve um atraso no crescimento físico e na produção de hormônios. Sua estatura é de uma criança de 10 anos. Segundo o médico, ela deverá crescer um pouco mais e, com a produção de hormônios, terá condições de gerar filhos. "A partir de agora vou renascer", disse Cibele, que lecionou por um ano no município de Fazenda Rio Grande, na região metropolitana de Curitiba, e agora pretende cursar Nutrição. A doença foi detectada quando ela tinha 3 meses de idade. Cibele esperava um doador desde março do ano passado, mas com o comprometimento dos rins, o transplante intervivos era a solução. "Se não fosse transplantada, em poucos meses as condições se agravariam e iria morrer", afirmou Júlio Coelho. Os exames mostraram que o pai da menina poderia ser o doador. "Se puder salvar a filha, a gente faz um sacrifício a mais", disse o pedreiro. Ele doou um rim e 60% do fígado na cirurgia realizada no dia 7. Os fígados de ambos já estão regenerados. Segundo o HC, este foi o segundo procedimento deste tipo no Brasil e o quinto no mundo - o primeiro mundial foi feito no Hospital Albert Einstein, em São Paulo, em 1998. Se a necessidade de transplante duplo não é tão freqüente, a espera por um fígado é de cerca de 3 anos, segundo estatísticas mundiais, com a morte de 15% a 20% dos pacientes. Cibele tem outra irmã, de 15 anos, com a mesma doença no fígado. "Como não está tão avançada, ela pode aguardar", diagnosticou Coelho. Embora os exames apontem compatibilidade, o pai foi descartado para uma segunda doação. "Seria uma cirurgia muito complexa", acentuou o médico. "A regra número um na doação intervivos é a preservação da vida do doador." A cirurgia foi coberta pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O custo de um transplante de fígado é de cerca de R$ 60 mil, enquanto o de rim, R$ 15 mil.

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