Halloween, no início, não tinha com relação com bruxas

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Por Agencia Estado
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Nada de vassouras voadoras e poções complicadas para conseguir amor e dinheiro. Os praticantes da bruxaria moderna, a wicca, fazem alguns rituais bem simples para entrar em contato com a natureza e homenagear seus ancestrais. Um deles será possível realizar nesta quinta-feira mesmo e celebrar o Halloween em casa. Basta comprar flores e velas e resgatar fotos de antepassados. Pôr-do-sol O momento mais indicado para iniciar o ritual é ao pôr-do-sol. Monte um pequeno altar com todos os itens e procure ficar calmo. Em seguida, pense nessas pessoas. Peça inspiração para levar uma vida de harmonia e respeito com os outros. Essa celebração simples remete às tradições dos celtas - povo que habitou a Gália e as ilhas da Grã-Bretanha entre os anos 600 a.C. e 800 d.C. - ligadas à origem do Halloween. A história, logo, está bastante distante das abóboras ou da famosa frase "Travessuras ou Gostosuras", exportada pelos Estados Unidos, que popularizaram a comemoração. Festival celta Em sua origem, o Halloween não tinha relação com bruxas. "Era um festival do calendário celta da Irlanda, o Samhain, que ia de 30 de outubro e 2 de novembro e marcava o fim do verão", explica Cláudio Crow Quintino, autor do Livro da Mitologia Celta. "O Samhain era comemorado por volta do dia 1º de novembro, com alegria e homenagens aos que já partiram. Para os celtas, os deuses também eram seus ancestrais." Com a cristianização, essa celebração se dividiu em duas: o Dia de Finados e o Halloween. O primeiro, comemorado no dia 2, surgiu para homenagear os ancestrais. Já entre o pôr-do-sol do dia 31 de outubro e 1º de novembro, ocorria o All Hallows Evening, o Dia de Todos os Santos. As entidades pagãs viraram santos católicos. Foi o que aconteceu com Brighid, que virou Santa Brígida. A relação da data com as bruxas começou na Idade Média, na Inquisição, quando a Igreja condenava curandeiras e pagãos. Todos eram designados bruxos. Essa distorção se perpetuou, e o Halloween, levado aos Estados Unidos pelos irlandeses, no século 19, ficou conhecido como Dia das Bruxas. Ritual Todas as sextas-feiras, a bruxa e sacerdotisa Priscilla Junqueira realiza rituais abertos no espaço Cia. das Bruxas, em Santana, na zona norte de São Paulo. Nas celebrações, ela ensina que a wicca é uma filosofia que tem entre suas principais características a alegria de viver, o respeito à natureza e a prática do bem, sem distinção de raça ou credo. "Uma bruxa nunca deseja o mal, porque sabe que tudo que se faz contra ou a favor dos outros você receberá multiplicado por três", explica. "Pelo menos uma vez por semana, procuramos fazer caridade, de preferência para desconhecidos." Dia-a-dia das bruxas Priscilla diz que o dia-a-dia de uma bruxa começa com um despertar calmo. "Não pulamos da cama. Antes, mentalizamos as atividades do dia e imaginamos como ele será alegre." Também há tempo para banhos de ervas, uma para cada objetivo. "A canela é para o amor, o cravo para o dinheiro, e o alecrim para melhorar a intuição", diz a sacerdotisa. São muitas as histórias sobre bruxas famosas da antiguidade. Entre elas, a de Lagarrona, que viveu em Évora e tinha grandes poderes. Conhecia a magia de seus ancestrais muçulmanos e a dos celtas. Diz-se que voava em vassouras, cães e camelos. Era sempre procurada por causa do poder de seus feitiços. Quem quiser pode arriscar a sorte.

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