Gurgel reclama de demora em ações da PF

Procurador-geral diz que diligências relacionadas ao mensalão do DEM ainda não foram feitas e isso teria atrasado apresentação de denúncia

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Por Mariângela Gallucci e de O Estado de S.Paulo
Atualização:

BRASÍLIA - O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, reclamou nesta quarta-feira, 16, da demora da Polícia Federal para executar diligências que deveriam apurar o chamado mensalão do DEM. O esquema de desvio de recursos públicos teve o suposto envolvimento do ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda (ex-DEM), que chegou a ser preso, além de deputados distritais e outros políticos do DF.

 

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"Tivemos realmente uma série de dificuldades com a Polícia Federal, atrasos de perícias e tudo o mais. Ainda há uma série de diligências pendentes, mas a gente espera conseguir resolver isso e ter condições realmente de apresentar a nossa conclusão", disse o procurador.

 

Gurgel afirmou que, "diferentemente do que dizem alguns", a apuração do esquema é uma preocupação do Ministério Público Federal, que continuará empenhado no caso.

 

Reportagem publicada pelo Estado no dia 6 de fevereiro mostrou que há uma crise provocada por divergências entre integrantes do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. Policiais reclamaram que o relatório final do caso foi entregue em agosto e apontou Arruda como chefe de uma organização criminosa destinada a desviar recursos públicos.

 

Membros do Ministério Público, contudo, consideraram insatisfatório o relatório. De acordo com procuradores, o documento teria pontos vagos e teria avançado pouco em relação à operação policial Caixa de Pandora, na qual foi revelado o esquema.

 

Não bastasse essa falta de entendimento entre Polícia Federal e Ministério Público, reportagem publicada ontem pelo Estado mostrou que disputas políticas já começaram a afetar a produtividade da corporação.

 

A taxa de abertura de novos inquéritos caiu pela metade nos dois primeiros meses de 2011, quando comparada à média de investigações abertas em 2010. O problema teria como origem a indefinição sobre nomes para diretorias, o que estaria provocado uma lentidão administrativa no órgão.

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‘Dificuldades’

 

O procurador-geral da República afirmou ontem que existem "algumas dificuldades grandes" para oferecer a denúncia num prazo curto. Segundo Gurgel, o trabalho depende de algumas diligências da Polícia Federal que demoraram para ser executadas.

 

Indagado sobre quais seriam os motivos da demora da Polícia Federal, Gurgel disse que é alegado um acúmulo de trabalho no Instituto de Criminalística. "Na verdade, a gente entende que já passou do tempo. Evidentemente que já era para estar concluído", disse.

 

Para Gurgel, a demora é "sempre muito inconveniente para qualquer investigação". Mas ele disse que o Ministério Público não pode se precipitar e oferecer uma denúncia se não tem ainda o suporte necessário. "Aí, sim, comprometeríamos uma investigação e apuração de fatos que são extremamente graves", concluiu o procurador-geral.

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