Gurgel é o mais votado na eleição de procurador

Ele tem bom trânsito no Judiciário e é bem avaliado pelo governo federal

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Por Felipe Recondo e BRASÍLIA
Atualização:

O subprocurador da República Roberto Gurgel tornou-se ontem o candidato favorito a ocupar, a partir de julho, o cargo de procurador-geral da República. O número 2 na hierarquia do Ministério Público, apadrinhado pelo atual procurador-geral, Antonio Fernando de Souza, foi o mais votado entre os procuradores da República em eleição feita ontem e encabeçará a lista tríplice que será entregue na próxima semana ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O escolhido por Lula deverá ser sabatinado e aprovado pelo Senado antes de assumir o cargo. Completam a lista tríplice os subprocuradores Wagner Gonçalves e Ela Wiecko. Gurgel obteve 482 votos na eleição promovida pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) com 1.592 procuradores de todo o País. Gonçalves, que primeiro começou a trabalhar sua candidatura, teve 429 votos e ficou em segundo lugar. Ela Wiecko, apoiada pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, obteve 314 votos e ficou na terceira posição. Gurgel é bem avaliado pelo governo por ter perfil discreto e independente. Sendo ele o primeiro colocado, são grandes as chances de ser confirmado pelo presidente. Integrantes do governo admitiam que, a depender do primeiro colocado na disputa, Lula poderia quebrar uma tradição no seu governo e não indicar o mais votado entre os procuradores. O receio era de que um candidato de outro perfil vencesse a eleição. Se for de fato o indicado de Lula e tiver o nome aprovado pelo Senado, Gurgel ocupará o cargo até 2011, podendo ser reconduzido pelo próximo presidente da República por mais dois anos. Ele exerceria também o cargo de procurador-geral nas eleições do ano que vem nos julgamentos do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a presidência do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Gurgel entrou no Ministério Público em 1982. Como vice-procurador, já substituiu Antonio Fernando de Souza em vários julgamentos do Supremo Tribunal Federal (STF) e do TSE. Tem a vantagem, portanto, de já transitar bem entre os ministros das duas cortes. Assim como o atual procurador, Gurgel já afirmou que não se deve esperar dele reações públicas radicais diante de críticas ao trabalho do Ministério Público, como as feitas recentemente pelo presidente do STF, Gilmar Mendes, especialmente após a Operação Satiagraha da Polícia Federal. "Algumas vezes parece que se quer ouvir os gritos do Ministério Público. Jamais ouvirão os meus gritos. Ouvirão uma voz firme e serena", afirmou nesta semana, em debate com outros quatro dos seis candidatos. Em entrevista ao Estado, Gurgel afirmou considerar as críticas uma "demonstração muito eloquente de que a instituição funciona bem". Para ele, o Ministério Público estaria incomodando "setores poderosos da sociedade". Ficaram de fora da lista tríplice os procuradores Blal Dalloul, que teve 232 votos, especialmente de procuradores de primeira instância, Eitel Santiago, 117 votos, que integra o grupo do ex-procurador-geral Geraldo Brindeiro, e Mário Ferreira Leite, 18 votos, que está afastado desde o início do ano por problemas de saúde.

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