PUBLICIDADE

Guilherme de Pádua vai morrer assassino, diz Glória Perez

Por Agencia Estado
Atualização:

Nove anos depois da morte da filha Daniella Perez, a novelista Glória Perez sente-se revoltada com o benefício de indulto concedido pela Justiça mineira a Guilherme de Pádua. Para ela, a extinção da pena do ex-ator, que matou Daniella a tesouradas, significa que sua filha nunca existiu. O ator Raul Gazolla, que era casado com a atriz na época do assassinato, também ficou revoltado com a decisão judicial. "Isso é muito triste, não só para nós, mas também para toda a sociedade brasileira", disse Gazolla. Falta de memória "A gente sabe que o culto à falta de memória no Brasil é coisa antiga e sabe também para que tem servido esse empenho em nos transformar num País de desmemoriados. Essa lei vergonhosa, pretende transformar a anistia em amnésia, é uma faceta disso. Mas a memória não se apaga por decreto. Guilherme de Pádua é assassino, vai morrer assassino, e daqui a 100 anos, se alguém falar dele, dirá também: assassino!", escreveu Glória em e-mail enviado nesta quinta-feira à reportagem. A novelista classifica o indulto como "uma tentativa abominável de transformar a vida real em ficção": "Vamos fazer de conta que não houve um crime, vamos fazer de conta que nunca existiu Daniella Perez. Vale tudo na tentativa de paternalizar criminosos de todas as espécies". Vergonha O ator Raul Gazolla disse que a decisão da Justiça o fez sentir com "vergonha de ser brasileiro": "Nosso País tem leis que favorecem assassinos com requinte de crueldade, como é o caso do Guilherme de Pádua. É muito triste que ele fique livre, com a ficha livre, podendo fazer o que quiser por aí. Não tenho a menor dúvida de que ele vai matar novamente". Gazolla afirmou que não acredita que Pádua tenha se recuperado na prisão. "Na cadeia brasileira, ninguém se regenera. Estamos lutando contra um sistema judicial arcaico, que deve ser reformulado o mais rápido possível. Estamos à mercê da impunidade." Preso problemático A mãe de Daniella Perez acredita que Pádua não poderia ser beneficiado por não ter tido bom comportamento quando esteve preso. Glória disse que ele era um "preso problemático", que teve de ser transferido da 16ª Delegacia Policial (Barra da Tijuca) para o Presídio Ary Franco, na zona norte do Rio, de onde teria saído com freqüência, posteriormente, para encontros amorosos com sua então mulher, Paula Thomaz, cúmplice no crime.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.