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Guerra acerta pacto entre kassabistas e alckmistas

Ele diz que convenção vai ocorrer ?de forma civilizada?

Por Carlos Marchi
Atualização:

O senador Sérgio Guerra (PE), presidente nacional do PSDB, conseguiu um acordo que dispensa os anéis, mas preserva os dedos do tucanato paulista na sucessão municipal. No final da tarde de ontem, ele arrancou um compromisso dos dois lados tucanos que se enfrentam na eleição paulistana: domingo, a convenção do PSDB terá duas chapas para prefeito e uma chapa única para vereadores. A definição do candidato majoritário - o ex-governador Geraldo Alckmin ou o prefeito Gilberto Kassab - será no voto. "Estabelecemos um padrão de convivência até a convenção e depois dela", afirmou um cansado Guerra ontem à noite, a caminho do Recife. "Os conflitos foram desarmados e a convenção vai acontecer de forma civilizada", gabou-se. Guerra passou dois dias em São Paulo tentando quebrar a resistência dos dois lados e sua missão esteve a pique de fracassar na véspera. O acordo foi obtido numa reunião, já no final da tarde de ontem, de Guerra com um grupo de vereadores e o secretário municipal de Esportes, Walter Feldman, pelo lado kassabista, e os deputados Edson Aparecido e Júlio Semeghini, aliados de Alckmin, além do presidente estadual do PSDB, deputado Mendes Thame. Firmou-se ali um pacto de não-agressão dos dois lados até depois da convenção. Não se discutiu se no primeiro turno o lado perdedor teria de apoiar explicitamente o lado vencedor, garantiu o vereador José Police Neto, o Netinho. Para ele, o mais importante é que "o comando do processo voltou aos vereadores". MARCHA DOS ENFERMOS Em São Paulo, Guerra não parou. Além de sucessivas reuniões, falou muitas vezes ao telefone com o governador José Serra, com o candidato Geraldo Alckmin e com o presidente municipal do PSDB, o secretário de Relações Internacionais do governo Serra, José Henrique Reis Lobo. A todos, repetia a mesma cantilena: do jeito que está, todos perderão. Chegou a dizer que o processo eleitoral do PSDB paulistano era uma "marcha dos enfermos". O acordo é inédito na história do PSDB, acostumado a decisões nada conflituosas e a nunca permitir disputas abertas nas convenções. Ontem à noite, ninguém estava feliz nos dois lados em disputa, mas todos se mostravam aliviados por alcançar o "mal menor". Cedo, os kassabistas diziam que a culpa de tudo era de Lobo, que teria administrado a disputa com dureza. O vereador Gilberto Natalini, que apóia Kassab, acusou-o de conduzir a questão de forma "fascista". Lobo respondeu que a acusação é paradoxal, "vindo de um homem com larga militância no PC do B". Chocado com um impasse incomum em sua história, o PSDB paulista estava perplexo pela impossibilidade de um acordo, afinal conseguido por Guerra. O que mais aturdia os tucanos era o desgaste inevitável que a crise sinalizava para Alckmin e, mais ainda, para Serra, que já está numa situação difícil com as duas candidaturas e ficaria mais constrangido com uma guerra interna.

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