PUBLICIDADE

Grupo faz manifestação em frente à Fiesp para lembrar golpe de 64

Segundo integrantes da Frente Esculacho Popular e ex-presos políticos, a entidade ajudou a financiar a ditadura

PUBLICIDADE

Por Atualizado em 10.04
Atualização:

São Paulo - Cerca de 40 pessoas participaram de uma manifestação para lembrar os 50 anos do golpe de 1964, em frente ao prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na Avenida Paulista, nesta quarta-feira, 9. Organizado pela Frente Esculacho Popular, o ato era em protesto contra a entidade que, segundo o grupo, financiou e apoiou a ditadura militar.

PUBLICIDADE

Entre os manifestantes havia também ex-presos políticos, parentes de desaparecidos e representantes da Comissão Estadual da Verdade. "A Fiesp tem que pedir perdão ao povo e à sociedade brasileira pelo apoio ao golpe e à tortura. Ela deve uma reparação moral", afirmou a ex-presa política Amélia Teles.

Os manifestantes distribuíram panfletos sobre o ato e pregaram uma faixa na entrada da sede. O local já estava fechado naquele momento em razão das manifestações realizadas pelas centrais sindicais, também nesta quarta. Para o assessor da Comissão Estadual da Verdade, e ex-preso político, Ivan Seixas a entidade deve abrir seus arquivos para as comissões da Verdade.

"Um de seus representantes estava no Dops todos os dias. Ele sabia das torturas e acompanhava", afirmou Seixas em referência a Geraldo Resende de Mattos. No panfleto, o grupo diz que "Geraldo Resende de Mattos, da Fiesp, frequentou o Dops de São Paulo, um dos maiores centros de tortura do País, até quatro vezes por semana entre 1971 e 1978, de acordo com o livro de registros de entrada de pessoas na sede do órgão".

No ano passado, a Comissão Estadual da Verdade informou que investigaria a presença de civis no Dops. Entre os nomes mencionados em documentos do Arquivo Público do Estado estava o de Geraldo Resende de Mattos. Em nota, a Fiesp afirmou ser orientada "pela defesa da democracia e do Estado de Direito" e que eventos passados que contrariem esses princípios "podem e devem ser apurados".

A ação organizada pela Frente Esculacho Popular faz parte de eventos organizados por movimentos para lembrar os 50 anos do golpe que depôs o então presidente João Goulart, em abril de 1964.

Na semana passada, integrantes do Levante Popular da Juventude realizaram ato em frente à casa do delegado aposentado da Polícia Civil Aparecido Laerte Calandra. Conhecido como "Capitão Ubirajara", Calandra atuou por quase dez anos no DOI-Codi, centro de repressão e tortura da ditadura./Colaborou Lilian Venturini

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.