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Grupo ''comprou'' vaga de secretário, diz polícia

Agentes não revelam o município, mas dizem que esquema, após ter feito doação de R$ 200 mil, controlaria pasta da Saúde com novo prefeito

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Foto do author Marcelo Godoy
Por e Marcelo Godoy
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A polícia diz ter flagrado a máfia dos parasitas negociando o cargo de secretário de Saúde de uma cidade do interior. O nome do município não foi revelado, mas a "compra do cargo" - a ser ocupado a partir de 2009, com a posse do prefeito eleito - teria sido feita em troca de uma contribuição de R$ 200 mil para a campanha do candidato nas últimas eleições municipais. A organização criminosa, segundo o Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap) e promotores do Grupo de Atuação Especial e Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), mantinha um controle da política nos 29 municípios com os quais fazia negócios. Em interceptações telefônicas, os policiais constataram que 22 candidatos que o grupo considerava simpáticos a seus interesses venceram as últimas eleições. Relatório da inteligência policial mostra que os investigadores flagraram o que chamam de "disponibilidade da Home Care em oferecer favores e gentilezas para os representantes do Executivo e do Legislativo". A Home Care é uma das empresas acusadas de participar do esquema e apontada como o centro da célula que atuava nas prefeituras do interior. "Essas acusações não procedem. A Home Care é uma empresa séria, que atende 3 milhões de munícipes e está estabelecida há 20 anos no mercado. Ela tem todas as certificações da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e teve seus contratos aprovados pelo Tribunal de Contas", afirmou o advogado Cesar Guimarães. Segundo o relatório, no entanto, as escutas mostram candidatos a prefeito "solicitando apoio financeiro para as campanhas" e até mesmo o uso de helicóptero para os deslocamentos de políticos, tanto a trabalho quanto a lazer. "Não há um partido específico. Há empresas que procuram administrações municipais sem escolher coloração partidária", disse o promotor José Reinaldo Guimarães. PARTIDOS Os investigadores não têm dúvidas: o esquema era suprapartidário. O Estado teve acesso aos nomes de 15 das 29 prefeituras em que a organização atuaria, de acordo com os policiais do Decap e promotores do Gaeco. O cenário das fraudes mostra que o partido com maior número de prefeituras no País, o PMDB, é o que tem o maior número de administrações com contratos sob suspeita: quatro. Logo em seguida estão PSDB, PV e PDT, com duas prefeituras cada um. Depois aparecem PT, PV, PP, DEM, PTB e PSB, cada um com uma administração. No site da Home Care estão listados contratos da empresa com nove prefeituras: São Bernardo do Campo (SP), São Caetano do Sul (SP), Taubaté (SP), Cotia (SP), Uberlândia (MG), Itu (SP), Araguari (MG), Caçapava (SP) e Indaiatuba (SP). As prefeituras e as empresas citadas, ouvidas pelo Estado, negaram as acusações. Além da Home Care, havia ainda contratos com as empresas Biodinâmica e Vida?s Med. Isso é o que mostra um diálogo mantido por Carlos Roberto Amaral, o Papito, gerente da Vida?s Med, preso ontem. Nele, Papito fala com um homem que diz ter conversado com o secretário de Finanças de Mauá: "Ele (o secretário)esteve com prefeito (Leonel Damo, PV), pegou um monte de cheques." Papito diz então que estava vendo a "conta de Mauá". "Meu, quatro milha bateu agora." ?MELZINHO? Em outra ligação, um dos sócios da Home Care, Marcos Agostinho Paioli Cardoso, diz que deve fechar com Jacareí (administrada pelo PT) e que está vendo um outro edital em Marília (administrada pelo PDT). "Marília é melzinho na chupeta", diz o sócio de uma empresa a Paioli. "Ia dar um milhãozinho e cem, mas eu mandei aumentar para um e trezentos", revela o empresário.

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