Grito dos Excluídos reúne 3 mil no Recife

Por Agencia Estado
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Pela manhã, antes de desocupar a sede do Incra no Recife, os sem-terra integraram o VII Grito dos Excluídos, ao lado da Igreja, estudantes, partidos de oposição, servidores federais em greve, movimentos populares e sindicatos ligados à CUT. De acordo com a Polícia Militar, 3 mil pessoas participaram da passeata que saiu às 10 horas da Avenida João de Barros, no bairro da Boa Vista, até à Praça do Carmo, no centro, fazendo um trajeto de aproximadamente dois quilômetros. Com trio elétrico, teatro popular, bonecos, bandeiras e música, o protesto também se expressava através de faixas e cartazes que afirmavam "Dependência e morte", "Sete anos sem reajuste, nem Freud explica" e "O protesto dos pobres é a voz de Deus (dom Hélder)". Frei Aloísio Fragoso, da Ordem dos Franciscanos, frisou que enquanto houver exclusão haverá o grito dos excluídos. Segundo ele, o grito não começava naquele local da passeata, mas estava presente "nos 12 milhões de desempregados, nos 60 milhões de brasileiros que vivem entre a miséria e a pobreza, nos trabalhadores que perderam a estabilidade e nas páginas da Constituição que está sendo rasgada em nome dos interesses do FMI". Jaime Amorim pregou a necessidade da luta contra a recolonização do País, que, ao seu ver, "vem crescendo com a privatização das empresas nacionais e pelos acordos com o FMI". Ele disse ser preciso mobilizar os excluídos para, com essa unidade, construir uma pátria livre a serviço dos 160 milhões de brasileiros. O MST aproveitou o protesto para repudiar a prisão de Cristiano José Batista da Silva, que está preso desde o dia 25 de julho, quando participou de saque a um caminhão carregado com açúcar, em Santa Cruz do Capibaribe, no interior do Estado. Dois pedidos de habeas corpus foram negados. "A elite é assim, quando os maiores corruptos são pegos, ficam em prisão domiciliar, enquanto um trabalhador que lutava por alimentação não consegue um habeas-corpus", reclamou Jaime Amorim, garantindo que o MST vai pressionar até conseguir libertar o sem-terra.

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