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Greenhalgh tenta desmontar tese do mensalão

Ao depor em defesa de Delúbio, ele cita derrota na Câmara para questionar pagamentos

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Por Fausto Macedo
Atualização:

"Tanto não houve mensalão que eu não fui eleito presidente da Câmara", declarou ontem o advogado Luiz Eduardo Greenhalgh, ex-deputado do PT, à saída do Fórum Criminal Federal de São Paulo, onde depôs no processo sobre suposto esquema de compra de votos de parlamentares da base aliada do governo. Fundador do PT e deputado por São Paulo em quatro mandatos, Greenhalgh foi candidato à presidência da Câmara para o biênio 2005-2006, mas acabou derrotado por Severino Cavalcanti (PP-PE). "Eu era o candidato do governo, nessa linha de raciocínio se tivesse mensalão eu teria sido eleito, talvez o resultado tivesse sido outro", disse o ex-deputado. Greenhalgh foi ouvido como testemunha de defesa de Delúbio Soares, ex-tesoureiro do partido e um dos 40 réus do mensalão. Ao todo, são 96 depoimentos da defesa que estão sendo colhidos há 10 dias pela 2ª Vara Criminal Federal em São Paulo, em cumprimento à carta de ordem do Supremo Tribunal Federal (STF) - onde tramita a ação penal sobre o mensalão. Hoje deverá depor o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, arrolado pela defesa do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), autor da denúncia sobre existência do mensalão. Jefferson também pediu depoimento do ex-governador Geraldo Alckmin. Na semana passada, o ex-ministro Marcio Thomaz Bastos (Justiça) depôs como testemunha de José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil. "Não teve mensalão", afirmou Bastos. Na audiência de ontem, os criminalistas Celso Vilardi, advogado de Delúbio, e José Luís Oliveira Lima, defensor de José Dirceu - que também é réu nesse processo -, fizeram indagações a Greenhalgh, que na Câmara ocupou o cargo de presidente da Comissão de Constituição e Justiça, onde tramitaram polêmicos projetos do governo Lula sobre as reformas da Previdência e tributária. "O sr. viu alguma irregularidade, sentiu alguma pressão ou intervenção do governo, alguma corrupção no encaminhamento das votações?", perguntou Vilardi. "Não", respondeu o ex-deputado. "As reformas foram amplamente debatidas, as sessões eram transmitidas ao vivo pela TV, houve audiências públicas. Na votação de admissibilidade, tanto da reforma tributária quanto da previdenciária, teve gente da base do governo que votou contra e teve gente da oposição que votou a favor." CASO CELSO DANIEL Dos autos do Supremo Tribunal Federal consta que o empresário Marcos Valério, apontado como principal operador do mensalão, teria feito pagamento de R$ 500 mil a um advogado que o PT contratou - depois que Greenhalgh deixou a causa - para acompanhar e tentar neutralizar a investigação do Ministério Público Estadual sobre corrupção e fraudes na Prefeitura de Santo André que teriam motivado a execução de Celso Daniel, prefeito petista, em janeiro de 2002. A procuradora da República Anamara Osório de Sordi quis saber de Greenhalgh se ele havia trabalhado no caso Celso Daniel. "Trabalhei como advogado do PT", ele confirmou. Anamara perguntou se o partido contratou outro advogado para a causa, depois da sua saída. "Não me lembro", afirmou.

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