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Greenhalgh foi pivô de escândalo na eleição de 89

Por Agencia Estado
Atualização:

A indicação de Greenhalgh para a presidência da Câmara, feita pelo grupo majoritário da bancada, exigiu uma atuação nos bastidores do presidente do partido, José Genoino, para tentar diminuir a resistência ao nome de Greenhalgh em outras bancadas. Genoino conversou com o deputado Ronaldo Caiado (PFL-GO), um dos líderes da bancada ruralista, apontada como um dos focos de resistência à aprovação de Greenhalgh no plenário, por causa de sua atuação na defesa dos trabalhadores rurais. O pefelista é responsável por ter transformado Greenhalgh em pivô de um dos principais escândalos da eleição presidencial de 1989. Naquele ano, quando Luiz Inácio Lula da Silva sofreu sua primeira derrota ao disputar a Presidência da República contra Fernando Collor de Mello, Caiado presidia a polêmica União Democrática Ruralista (UDR) e também era um dos candidatos ao Palácio do Planalto. Durante um debate, ele acusou Greenhalgh, então vice-prefeito de São Paulo, de ter cobrado propina da empreiteira Lubeca. Em troca, a Prefeitura de São Paulo, sob o comando de Luiza Erundina, autorizaria um megaempreendimento da empresa. Dias após a denúncia, Paulo Albaneze, funcionário da Lubeca, acusou Greenhalgh de ter recebido US$ 200 mil dólares da empresa. Segundo o funcionário, o montante teria sido desviado para a campanha presidencial. O escândalo, conhecido como caso Lubeca, levou Erundina a exonerar Greenhalgh da Secretaria de Negócios Jurídicos, cargo que acumulava com o de vice-prefeito. A prefeita alegou que houve "quebra de confiança". Greenhalgh sempre negou qualquer envolvimento em relação às acusações de arrecadação de dinheiro ilegal para campanha presidencial. As investigações feitas sobre o caso não apresentaram provas que pudessem responsabilizá-lo. O caso Lubeca estourou no primeiro ano de mandato de Erundina. Até o final de sua gestão, o grupo majoritário do partido, conhecido como Articulação e liderado por Lula, tentou, sem sucesso, reabilitá-lo politicamente. Apesar das fortes pressões Erundina foi irredutível. Greenhalgh sempre negou qualquer envolvimento em relação às acusações de arrecadação de dinheiro ilegal para campanha presidencial. Além disso, nas investigações feitas sobre o caso não surgiram provas que pudessem responsabilizá-lo. Trajetória - Greenhalgh, que exerce seu quarto mandato como deputado federal, sempre foi ligado a movimentos de defesa dos direitos humanos - especialmente com a Anistia Internacional -, organizações estudantis, com a política de São Paulo e mantém relações estreitas com a Igreja Católica. Formado em direito pela faculdade do Largo São Francisco (USP) em 1973, Greenhalgh foi diretor do Centro Acadêmico 11 de Agosto e membro do Conselho Universitário da USP. Na área dos direitos humanos, destaca-se como Membro da Comissão Arquidiocesana de Pastoral dos Direitos Humanos e Marginalizados; membro, fundador e advogado do Centro Santo Dias de Direitos Humanos e contra a Violência Policial. Também criou os Conselhos Municipais e as Assessorias do Meio Ambiente e de Relações Internacionais. Filiou-se ao MDB em 1974, legenda que deixou cinco anos mais tarde para ser um dos fundador do Partido dos Trabalhadores (PT). Sua ligação com Lula vem desta época. No início dos anos 80, era tido pelo Exército como advogado do atual presidente da República. Enquanto Lula era o principal articulador dos movimentos sindicais, Greenhalgh, segundo arquivos das Forças Armadas, seria seu mentor.

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