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Gravações revelam esquema

Empreiteiros queriam exclusividade para assumir obras

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Por Fausto Macedo
Atualização:

Interceptações telefônicas realizadas pela Polícia Federal são a base da Operação Pacenas. As gravações revelam passo a passo esquema montado por um fechado grupo de empreiteiros para assumir com exclusividade as obras do PAC, em Cuiabá e em Várzea Grande, onde o governo Lula deve investir R$ 400 milhões no programa - montante destinado a saneamento básico e habitação. O monitoramento da PF reforça suspeitas de ligação do procurador-geral do município de Cuiabá, José Antonio Rosa, com a organização criminosa. "Quanto aos agentes públicos envolvidos, as irregularidades apontadas são relevantes, afastando a presença de mera e simples desídia funcional ou qualquer outro equívoco que tenha assolado José Antonio Rosa", assinalou o juiz Julier Sebastião da Silva, da 1ª Vara Federal de Cuiabá. Relatório da PF destaca que o procurador "ocupa uma posição especial, exercendo grande influência junto ao prefeito de Cuiabá". Wilson Santos, do PSDB, é o prefeito. Ele não é alvo do inquérito. Rosa, segundo a PF, é também "a ponte de contato com o secretário executivo do Ministério das Cidades, Rodrigo de Figueiredo, que cuida do repasse das verbas federais aos municípios". A PF destaca que Rosa mantém "estreitos contatos com os licitantes, notadamente os empresários que compõem o Consórcio Cuiabano, atendendo a seus reclames para intermediar junto a empresas sediadas em São Paulo, vencedoras de um dos lotes da concorrência pública, que estariam se recusando a ?compor? com o grupo local". Ao mandar prender o procurador de Cuiabá, o juiz Julier assinalou: "Fica evidente a utilização de seu cargo e influência junto ao processo." As interceptações indicam que Rosa "manteve reuniões com empresas de São Paulo, recebeu reclamações dos empresários cuiabanos sobre a retirada de documentos pelo Tribunal de Contas da União, fez gestão junto à comissão de licitação sobre os fatos e, mesmo após ter deixado o cargo de presidente da Sanecap, continuava a ser informado sobre o certame". A PF gravou contatos de todos os 11 alvos da Pacenas durante mais de um ano.

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