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Gravação implica governador em suposto pagamento de propina

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Por Agencia Estado
Atualização:

Uma conversa telefônica interceptada com autorização da Justiça e afirmações de uma assessora do governo levam a Polícia Federal a suspeitar de possível envolvimento do governador do Espírito Santo, José Ignácio Ferreira (sem partido), em suposto pagamento de propina a deputados e integrantes do governo. Segundo a funcionária Lenice Batista, da Secretaria da Fazenda, que teve uma conversa grampeada, era a Ferreira que ela se referia quando disse que o ?chefe do secretário? Jorge Hélio Leal (Transportes e Obras Públicas) ?queria R$ 4 milhões?. Afirmou, porém, que se referia a repasses atrasados a municípios. A assessoria do governador disse que ele não falaria do assunto. Leal aparece em várias outras gravações da PF supostamente acertando valores com parlamentares capixabas em troca da aprovação da privatização do Banco do Estado do Espírito Santo (Banestes). Na mesma conversa em que Lenice, na Assembléia Legislativa, fala no dinheiro, Leal chama o ?chefe? de ?Zé?. No diálogo interceptado pela PF, Lenice diz: ?O outro lá quer R$ 4 milhões do nada. Você sabe quem está querendo, né?? ?Não?, respondeu o secretário. ?Seu chefe?, afirmou Lenice. ?Não, aperta o passo dele, ele falou comigo, eu falei: ?Zé, faz do jeito que você pode?, respondeu Jorge Hélio. A assessora negou que se referisse a irregularidades. Ela afirmou que o valor citado por ela se referia uma das parcelas atrasadas que o Estado repassa aos municípios para transporte escolar. Ela alegou que estava na Assembléia acompanhando a liberação do dinheiro pelos parlamentares. A PF, porém, considera suspeita a conversa e a justificativa para ela. O governador também é citado em outra gravação feita pela Polícia Federal, numa conversa entre Leal e o subsecretário da Fazenda, José Mário Passolini. Na conversa, o secretário pergunta a José Mário se ele já havia feito alguma coisa. José Mário responde: ?Não, doutor Jorge, estou aguardando. Me parece que a Lenice está lá na Assembléia.? Leal responde: ?Eu já tentei falar com a Lenice. Eu inclusive vou passar na Assembléia. Vou desmanchar minha combinação com os deputados, que aí explode de uma vez, larga pra lá. Não pensa mais em pagar minhas contas, porque eu tô fora desse negócio. Vou avisar para o governador?. As provas e gravações obtidas pela Polícia Federal serão enviadas para a Procuradoria Regional Federal da 2ª Região, no Rio de Janeiro, que tem a atribuição de oferecer denúncias contra os deputados envolvidos, devido ao foro privilegiado dos citados no inquérito. Pelo menos seis deputados são suspeitos de receber propina para votar a favor da privatização do Banestes. Entre os parlamentares citados no inquérito estão o líder do governo no Legislativo, Gumercindo Vinand (PGT), Luiz Pereira (PFL), Camilo Araújo (PPB), Robson Neves (PFL), Paulo Loureiro (PFL) e Mateus Vasconcelos(PRTB). A mediação, segundo as investigações, era feita pelo secretário Jorge Hélio e pelo empresário Carlos Guilherme Lima, preso na quinta-feira passada e apontado pela Polícia Federal como ?operador financeiro do crime organizado? no Espírito Santo. Depois da divulgação das gravações, o governo do Espírito Santo, que vinha se empenhando na venda do Banestes, suspendeu o processo de privatização. Na sexta-feira passada, a Justiça Federal determinou que o Banco Central afastasse toda a diretoria do banco e apreendeu documentos. No entanto, a decisão ainda não foi cumprida. O Banco Central protocolou um recurso no TRF-2 contestando a decisão da Justiça Federal.

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