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Governo vai tentar derrubar CPI dos Sanguessugas

A interpretação é que a oposição pretende usar as investigações para atacar o governo

Por Agencia Estado
Atualização:

O Palácio do Planalto vai operar para derrubar a CPI dos Sanguessugas. A interpretação é que a oposição pretende usar as investigações para atacar o governo, já que a maior parte dos envolvidos pertencem a partidos da base aliada. Nesta quinta-feira, um grupo de parlamentares entregou ao primeiro vice-presidente do Senado, senador Tião Viana (PT-AC), requerimento para a instalação da CPI Mista que pretende investigar supostos envolvidos no esquema de fraude de licitação e compra superfaturada de ambulâncias para municípios usando recursos do Orçamento da União, esquema conhecido por sanguessuga. O requerimento obteve assinatura de 229 deputados e 31 senadores. O próprio Viana deu a senha de que o Planalto não tem interesse nas investigações. "A oposição vai querer usar a CPI para desgastar a relação da base com o governo", analisou Viana, integrante ele mesmo da CPI dos Bingos. "Acho que este é um ano complicado para uma CPI. Além disso, qual a condição que a Câmara tem de fazer uma investigação quando as suspeitas recaem sobre tantos nomes daquela Casa?", perguntou. A quantidade de suspeitos na Câmara é o principal fator a inibir a investigação. Em tom de brincadeira, o líder tucano no Senado, Arthur Virgílio (AM), disse que o número de deputados supostamente envolvidos é suficiente até para eleger o presidente da Casa. "Assim não dá para investigar", disse. "Quero comissão interna, externa, da sociedade civil, do Ministério Publico, quero tudo que possa investigar. O que eu não suporto é abrir o jornal e ler que na Casa onde trabalho tem gente recebendo dinheiro em mala, em cuia, meia, cueca", disse Raul Jungmann (PPS-PE). Disputa de assinaturas Só dois dos 16 deputados investigados pela comissão de sindicância da Corregedoria da Câmara - grupo considerado em situação mais delicada por terem ou recebido dinheiro em suas contas particulares ou de seus assessores - assinaram o requerimento: João Correia (PMDB-AC) e Maurício Rabelo (PL-TO). Único senador citado no relatório da Polícia Federal como suspeito de beneficiário do esquema e que teve um assessor de seu gabinete preso na operação da Polícia Federal, o líder do PMDB no Senado, Ney Suassuna (PB), não assinou a criação da CPI. Segundo assessores palacianos, a estratégia a ser seguida pelo governo é desidratar a lista de parlamentares que apoiaram a criação da CPI. Para que a comissão seja instalada, são necessárias 171 assinaturas na Câmara e 27 no Senado. Bastaria, portanto, subtrair quatro nomes da lista do Senado.

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