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Governo negocia cargos com senadores para tentar ter controle da CPI da Covid

Planalto quer atender à pressão de parlamentares por emendas; primeira sessão foi adiada para terça-feira, 27

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BRASÍLIA –  O Palácio do Planalto tenta ganhar tempo e adiar ao máximo a CPI da Covid, com o objetivo denegociar cargos no primeiro escalão e atender à pressão de parlamentares para acomodar suas emendas no Orçamento deste ano. Em ato assinado ontem, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), informou que a CPI será semipresencial, mas não mencionou a data de abertura. Horas mais tarde, o senador Otto Alencar (PSD-BA), o titular mais antigo da CPI, convocou os demais integrantes para instalar a comissão no próximo dia 27. A expectativa inicial era a de que os trabalhos começassem ainda nesta quinta-feira.

Provável relator da CPI, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) reclamou do movimento para postergar a abertura do colegiado. “Os integrantes da CPI queriam a instalação imediata. O presidente do Senado quis levar para a outra semana. Não é fácil isso", disse Renan ao Estadão.  Atacado nas mídias bolsonaristas, Renan deixou nesta segunda-feira, 19,as redes sociais e pediu ao Twitter o bloqueio de várias contas com perfil classificado como “fake”.

Plenário do Senado Federal Foto: Waldemir Barreto/ Agência Senado

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O acordo fechado pela maioria dos integrantes da CPI, na última sexta-feira, 16, prevê que Omar Aziz (PSD-AM) seja o presidente do colegiado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP) assuma a vice-presidência e Renan, a relatoria dos trabalhos. Aliados do presidente Jair Bolsonaro, porém, fazem pressão nas redes paraimpedir Renan de assumir esse posto porque, além de ser crítico de Bolsonaro,o senador é aliado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Nas plataformas digitais, bolsonaristas batem na tecla de que o senador não pode integrar a CPI por ser pai do governador de Alagoas, Renan Filho (MDB-AL). A CPI vai investigar o destino do dinheiro repassado pelo governo federal a municípios e Estados, entre os quais Alagoas, para o combate à pandemia de covid-19.

Para o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), o funcionamento da CPI – com parte dos trabalhos por videoconferência – deveria seradiado indefinidamente. Bezerra Coelho defendeu a questão de ordem apresentada pelo líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), pedindo que a comissão seja presencial e só comece quando todos os participantes estiverem vacinados.

"Existe uma questão de ordem feita pelo senador Eduardo Gomes, que o presidente Rodrigo Pacheco ainda não respondeu. O governo gostaria que essa questão de ordem fosse deferida”, afirmou Bezerra Coelho ao Estadão.

Irritado com o que chamou de “erros” do Planalto na articulação política, o senador Marcos Rogério (DEM-RO), integrante da CPI da Covid, criticou o governo Bolsonaro. “O governo errou, deixou correr solto (a CPI). Agora, querem correr atrás do prejuízo. O Palácio não procurou a própria base para conversar”, afirmou Marcos Rogério, em entrevista à emissora CNN.

Plano

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Uma minuta do plano de trabalho da CPI sugere quatro sub-relatorias paralelas à principal. Os temas são vacinas, colapso em Manaus, repasses federais e insumos para tratamento de doentes. A versão preliminar do planejamento foi preparada pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), suplente da comissão.

Renan disse que os senadores governistas não podem agir como tropa de choque dentro do colegiado e, caso isso ocorra, não poderão ser escolhidos para sub-relatorias. "É uma CPI isenta e será conduzida dessa forma. Se ficar chapada desde o início com tropa de choque, isso retirará a condição de indicação dessas pessoas. Não é CPI contra ninguém, é contra covid, contra a pandemia. O nosso inimigo é a pandemia", argumentou Renan, que já foi presidente do Senado por quatro vezes.

O senador Humberto Costa (PT-PE), por sua vez, se mostrou receoso quanto à possibilidade de relatorias paralelas. "Esses bolsonaristas só querem focar a CPI na questão de Estados e municípios.  Os caras vão querer construir uma CPI paralela. É preciso discutir tudo isso com calma”, avaliou Costa, ao ser questionado sobre a conveniência das sub relatorias.

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