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Governo 'tem de ser a cara e a semelhança de Dilma', diz Lula

Presidente afirmou que apenas Dilma poderá dizer 'quem ela quer e quem ela não quer' na composição dos ministérios

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Por Redação
Atualização:

SÃO PAULO - Ao lado da presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira, 3, durante uma coletiva no Palácio do Planalto, em Brasília, que "o governo da Dilma tem que ser a cara e semelhança" da ex-ministra. "Ela e somente ela pode dizer quem ela quer e quem ela não quer", indicou.

 

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O presidente descartou um papel preponderante no governo Dilma, que assume o cargo no dia 1º de janeiro. "Um ex-presidente da República não indica e não berra", disse Lula, ressaltando que pode dar conselhos "se for pedido", mas "pra atrapalhar nunca".

 

Lula aproveitou a oportunidade para criticar a oposição e pediu aos adversários políticos do governo Dilma uma postura diferente da que tiveram em seu governo. "Tem que saber diferenciar o que é interesse nacional e o que é briga político-partidária", disse o presidente ao pontuar também que os opositores têm de perceber que a presidente eleita tem uma formação política admirável.

 

Passado de Dilma

 

Ele lembrou o passado de Dilma no movimento contra o regime militar. "O que alguns veem como defeito eu vejo como virtude: o fato de ela muito jovem ter brigado pela democracia." Lula afirmou que Dilma é representante da geração dos anos 60: "Acho que a chegada de Dilma ao poder é a vitória daqueles que perderam em 68 e para muitos estavam desacreditados."

 

O presidente ainda destacou na coletiva que Dilma chegou ao poder com a experiência de ter passado oito anos no governo - de 2003 a 2005 Dilma foi ministra de Minas e Energia. Com a queda de José Dirceu da Casa Civil em 2005, ela ocupou a pasta e só deixou o governo em abril deste ano para se candidatar à Presidência da República.

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CPMF

 

Na entrevista, Lula se queixou especialmente do fim da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF), uma das principais derrotas do seu governo para a oposição no Congresso. "Eu não esqueço que por conta de briga política perdemos R$ 40 bilhões anuais. Acho que foi um engano derrubar a CPMF e alguma coisa tem que se feita". E acrescentou: "Queria pedir à oposição - contra mim não tem problema continuar raivosa - que ela olhasse mais pelo Brasil, torcesse para o Brasil dar certo e ajudar o Brasil", disse.

 

Reeleição

 

O presidente elogiou o comportamento democrático do povo brasileiro durante a eleição. "Ninguém mais tem duvida de que o povo brasileiro é democrático", ressaltou. Lula elucidou que Dilma terá "todo o direito" de disputar a reeleição em 2014."Tudo que eu desejo na vida, que eu peço a Deus, é que a Dilma faça as coisas que ela sabe fazer. Não precisa inventar nada", afirmou.

 

Frente à insistência dos repórteres sobre uma possível volta de Lula em 2014, o presidente explicou que "rei morto, é rei posto. Porque eu acho que quem vai sair do governo como eu vou sair, tem a responsabilidade de pensar e contar até um milhão para voltar algum dia".

 

Bolinha de papel

 

Para o presidente Lula, "é muito pequeno, neste momento, estar discutindo 2014". E emendou ironizando o candidato tucano José Serra, sem citar seu nome, ao se referir a ataques de bolinha de papel: "A gente deveria estar discutindo 2011, em 2014 a gente deveria discutir a Copa do Mundo e em 2016, discutir Olimpíadas, e deixar para discutir eleições um pouco mais para a frente, porque senão vai ter uma enxurrada de bolinha de papel batendo na nossa cabeça até 2014 e não queremos isso."

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No fim de semana, Dilma deve viajar com o presidente à Coreia do Sul, onde participam da reunião do G20 nos dias 11 e 12 de novembro. Para Lula, a viagem de Dilma para a Coreia do Sul "é uma grande oportunidade para os lideres do G20 conhecerem quem vai governar o Brasil nos próximos quatro anos". No caminho, a comitiva deve fazer uma parada em Moçambique.

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