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Governo suíço investiga suspeitas sobre Maluf

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Por Agencia Estado
Atualização:

A presidente do Conselho de controle de Atividades Financeiras (Coaf), Adrienne Sena, confirmou hoje à Agência Estado que o governo suíço está investigando a suspeita de lavagem de dinheiro por parte de empresa de propriedade do ex-prefeito e ex-governador de São Paulo, Paulo Maluf. A secretária comentou que o órgão responsável pela troca de informações financeiras da Suíça com outros países enviou documentação informal a respeito do caso. Segundo estas informações, em julho de 1985, a empresa Blue Diamond Limited abriu conta corrente em agência do Citibank, na Suíça. Esta empresa, depois de um certo tempo, passou a se chamar, segundo a documentação, Red Ruby Ltd e apontou como proprietário "um certo Paulo Maluf governador do Estado de São Paulo e prefeito de São Paulo, Brasil". O documento suíço, ainda segundo Adrienne Sena, informa também que, em 9 de janeiro de 1997, as contas abertas no Citibank na Suíça foram encerradas e os fundos transferidos para o Citibank N.A. Jersey, na ilha de Jersey. Ela disse, ainda, que estas informações já foram repassadas pela Coaf ao Ministério Público. A Coaf, da mesma forma, já atendeu à solicitação do governo suíço e enviou ao órgão de investigação da Suíça a relação dos processos abertos no Brasil contra Paulo Maluf. Na avaliação da presidente do Coaf, o fato de as autoridades suíças estarem investigando o trânsito de recursos dessas empresas é a novidade no caso Maluf, porque "já se sabia da existência na Ilha de Jersey de dinheiro cujo beneficiário seria Paulo Maluf". Esse dinheiro, segundo ela, já se encontra em indisponibilidade. O Ministério Público está adotando providências para obter informações oficiais de Jersey com o objetivo de transformar a indisponibilidade em bloqueio dos recursos. Adrienne explicou que a Coaf foi criada para combater a lavagem de dinheiro internacional e que existem órgãos similares em vários países que trocam informações, a todo tempo, de forma ágil e informal. "Essas unidades de informações financeiras foram criadas dentro de um espírito de mostrar que o que importa é combater o crime e tirar o dinheiro sujo de circulação, mostrar que o crime não compensa", disse. Ela informou, ainda, que os procedimentos judiciais em relação ao caso dependerão de uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), para dirimir o conflito de competência entre o Ministério Público Federal e o Ministério Público do Estado de São Paulo, já que ambos reivindicam a competência para a instrução de um eventual processo contra Paulo Maluf. O Ministério Público Estadual reivindica a competência alegando que o suposto desvio de dinheiro público envolveria órgão do Estado, enquanto o Ministério Público Federal argumenta que o suposto crime a ser investigado é de evasão de divisas e lavagem de dinheiro, no âmbito, portanto, federal. Citibank não comenta suposta conta de Maluf O diretor administrativo do Citibank na Ilha de Jersey, Clive Jones, evitou comentar a suposta existência de uma conta em nome da empresa Red Ruby Ltd, que pertenceria ao ex-prefeito Paulo Maluf. "Não posso confirmar a existência ou não de contas mantidas por pessoas físicas ou jurídicas em nosso banco", disse Jones à Agência Estado. "Esse tipo de assunto, que gera o interesse público, tem que ser tratado com a nossa sede em Nova York." Até o momento, o Citibank em Nova York não se manifestou a respeito do tema. A conta da empresa Red Ruby teria sido transferida do Citibank da Suíça para a unidade do banco no paraíso fiscal do Canal do Mancha, em 1997. As autoridades policiais de Jersey, que estariam trocando informações com as autoridades brasileiras sobre o caso, também evitaram falar sobre o assunto.

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