Governo prevê número recorde de turistas estrangeiros no país em 2011

Setor pode crescer até 12% neste ano; país deve receber quase seis milhões de pessoas no ano que vem.

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Por Júlia Dias Carneiro
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Governo espera receber até seis milhões de visitantes em 2011 Impulsionado pelo crescimento da classe média brasileira, pelo dólar favorável e pela Copa do Mundo e Olimpíadas no horizonte, o turismo no Brasil deve crescer 12% neste ano, superando a expansão de 7% a 8% prevista para o Produto Interno Bruto (PIB). A previsão é do Ministério do Turismo, que, após um 2009 morno por causa da crise internacional, prevê crescimento constante para os próximos anos. De acordo com Mário Moysés, secretário-executivo do Ministério do Turismo e presidente da Embratur, depois de apresentar uma leve queda em 2009, o número de visitantes do exterior voltou a crescer neste ano e deve chegar perto da almejada marca dos seis milhões em 2011. As divisas estrangeiras que entram no país também refletem o crescimento: enquanto no ano passado os turistas deixaram cerca de R$ 9 bilhões no Brasil, até o fim deste ano terão deixado R$ 10,1 bilhões, na previsão do ministério. O aquecimento se refletiu na 38ª edição da Feira das Américas - Abav 2010, que começou na quarta-feira no Riocentro e foi encerrada nesta sexta-feira. Tida como maior evento de turismo da América Latina, a feira registrou crescimento de 12% nos primeiros dois dias e contou com 737 expositores, contra 702 no ano passado. O número de visitantes passou para 23.651, contra 21 mil em 2009. O evento é organizado pela Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav) e reúne agências, operadoras, representantes de hotéis e órgãos de turismo de diferentes países. As metas do ministério são ambiciosas. De acordo com Moysés, a Embratur (órgão de promoção do turismo no país) quer aumentar o ingresso de divisas em moeda estrangeira em quase 300% até 2020, chegando a US$ 20 bilhões. E trabalha para duplicar o número de visitantes estrangeiros até lá, com a meta de atrair 10 milhões de turistas. "Temos um plano de promoção em uma série de países europeus, como Itália, França, Portugal, Alemanha, e nos principais países da América do Sul", conta Moysés. "Ainda temos muito espaço para crescer na América do Sul. Há países que praticamente não nos visitam, como Peru, Colômbia, Equador, Venezuela. Eles olham para o Caribe e os Estados Unidos, mas praticamente não para o Brasil." Aumento da classe média Com o real valorizado e o aumento da classe média, mais brasileiros estão buscando destinos no exterior para passar suas férias. De olho neste mercado crescente, 48 países vieram promover seus destinos na feira da Abav - alguns deles pela primeira vez, como Áustria, Emirados Árabes, Croácia, Polônia, Rússia, Tunísia e Uganda. A escolha do Rio de Janeiro para sediar o evento, realizado a cada ano em uma cidade diferente, não foi por acaso. De acordo com Carlos Alberto Amorim Ferreira, presidente da Abav nacional, a cidade é o maior chamariz para estrangeiros, e o objetivo era justamente atraí-los. "Fixamos o evento no Rio para trazer mais expositores estrangeiros. O Rio é a cidade brasileira que tem maior apelo lá fora, ainda mais agora, com a expectativa das Olimpíadas de 2016. A feira cresceu, e mais países estrangeiros quiseram participar, de olho nos brasileiros que estão viajando para o exterior com a força da nossa moeda", afirma. De acordo com Ferreira, a expectativa do setor é que os dois eventos tragam mais turistas não apenas em 2014 ou 2016. "Os eventos em si não são a melhor época para visitar o Brasil. Mas a grande vantagem é que despertam curiosidade para o país antes", considera. De acordo com Ferreira, a ascensão de cerca de 30 milhões de brasileiros das classes C e D para a classe média deve ter fortes reflexos no turismo. Ainda assim, o otimismo inspirado pelos números é cercado de cautela. "Temos que rezar muito, porque a nossa infraestrutura já não suporta a demanda atual. Temos grandes defasagens em aeroportos, portos, estradas e, em alguns estados, também na hotelaria. Se a gente não fizer o nosso dever de casa, vai faltar para o evento", ele alerta. A despeito das defasagens existentes nos aeroportos, o número de voos em território nacional também cresce. De acordo com dados da Infraero, o número de voos registrado entre janeiro e agosto deste ano foi recorde tanto nos trechos nacionais (com 43,3 milhões de desembarques, superando o mesmo período do ano passado em 23%) quanto nos internacionais (5,11 milhões de brasileiros e estrangeiros desembarcaram no país, 11,77% a mais que no mesmo período do ano anterior). "Esses números refletem o aumento tanto do número de brasileiros que estão indo para o exterior quanto o de estrangeiros que voltaram a visitar o país após a crise", explica Moysés. "É um crescimento sustentável que deve continuar por vários anos. A perspectiva agora é bater recordes." BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.

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