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Governo pressiona para impedir CPI

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo encerra a semana recorrendo a velhas práticas para evitar a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ampla, destinada a apurar denúncias de corrupção no País. Aliados do presidente Fernando Henrique Cardoso já começaram a fazer um levantamento para mostrar aos dissidentes da base governista quanto está em jogo em liberação de verbas das emendas individuais dos parlamentares ao Orçamento deste ano. Além disso, Fernando Henrique também está disposto a fazer uma degola nos apadrinhados políticos de parlamentares que assinarem o pedido de CPI. ?É natural que os parlamentares que deixam de ser governistas e passem a ser dissidentes sejam tratados como oposição?, sustentou nesta sexta-feira o líder do PMDB na Câmara, deputado Geddel Vieira Lima (BA). ?Mas não recebi nenhuma orientação de retaliar os deputados que assinarem o requerimento?, observou. Em sua avaliação, a dissidência no PMDB deverá ficar restrita aos 12 deputados do partidos que apoiaram o pedido de CPI. Ao todo, o PMDB conta hoje com 95 deputados e, historicamente, cerca de 20 representam uma ala dissidente no partido, que sempre vota contra o governo. Encarregado de recolher as assinaturas de apoio à criação da CPI, o líder do PT na Câmara, deputado Walter Pinheiro (SP), garantiu que o requerimento para a criação da Comissão tinha, até esta sexta-feira, o apoio de 141 deputados. São necessárias, no mínimo, 171 assinaturas para que a CPI seja aberta. Os deputados ligados ao ex-presidente do Senado Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), que apóia a Comissão, não haviam apoiado o requerimento da CPI. Dos 18 pefelistas baianos, apenas o deputado Paulo Magalhães (PFL-BA), sobrinho de ACM, assinou o pedido. ?A bancada carlista está preocupada em manter os cargos?, atacou Pinheiro. Os aliados de ACM têm afilhados políticos em mais de 40 cargos federais. Um deles, ex-ministro da Previdência e senador Waldeck Ornélas (PFL-BA), tem 11 apadrinhados em cargos. Nesta quinta-feira à noite, Ornélas chegou a confidenciar a amigos que estava se sentindo constrangido em assinar o requerimento da CPI, depois de ter participado do governo de Fernando Henrique por quase três anos. Alegou que pretendia dar ?um voto de confiança? ao governo, antes de tomar sua decisão. Mas nesta sexta-feira, o ex-ministro garantiu que irá assinar o pedido para a abertura da CPI. ?E não adianta o presidente Fernando Henrique me ligar e pedir para eu não assinar?, afirmou. O senador Paulo Souto (PFL-BA), outro aliado de ACM, já avisou que não pretende apoiar a CPI. Souto tem apenas um indicado para cargo federal: Humberto Costa, presidente da Companhia Brasileira de Recursos Minerais (CPRM), mas está estremecido com ACM e pode, inclusive, deixar o PFL. Até esta sexta-feira, 22 senadores tinham assinado oficialmente o requerimento para a abertura da CPI. No Senado, são necessárias, no mínimo, 27 assinaturas. Além dos 16 senadores de oposição, de ACM e do presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), quatro senadores do PMDB assinaram o requerimento. Mas outros dois peemedebistas - os senadores Amir Lando (RO) e José Alencar (MG) - avisaram que vão apoiar o pedido. Com isso, o requerimento no Senado terá 25 assinaturas (as duas dos peemedebistas mais a de Ornélas). Com a movimentação do Palácio do Planalto para tentar impedir a CPI, os líderes governistas estão mais confiantes. Mas, mesmo que a oposição obtenha as assinaturas necessárias para a criação da Comissão, os aliados vão tentar impedir a instalação da CPI com o argumento de que o requerimento é vago. Este seria o caso, por exemplo, do ex-secretário geral da presidência Eduardo Jorge Caldas Pereira que, no pedido da CPI, é apontado apenas como tendo feito uso de tráfico de influência, sem maiores detalhes. ?Essa CPI é inconstitucional porque não traz fato determinado, e vários dos fatos que estão listados já estão sendo apurados pelo Ministério Público?, argumentou o líder do governo na Câmara, deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP).

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