Governo pode abrir mão de 2 milhões de processos

Em convênio com STF, União se compromete a não recorrer contra decisões já reiteradas dos tribunais

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Por Mariângela Gallucci e BRASÍLIA
Atualização:

Responsável por parte do "afogamento" do Judiciário, o poder público poderá desistir de aproximadamente 2 milhões de ações envolvendo temas já decididos pela Justiça que são relacionados a servidores públicos, correções de planos econômicos e questões afetas à Previdência Social. A informação é do advogado-geral da União, José Antonio Dias Toffoli. Ontem, Toffoli assinou um convênio com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Gilmar Mendes, que prevê a identificação das ações judiciais sobre assuntos já decididos pelo Judiciário. A essas ações deverão ser aplicadas súmulas administrativas da AGU e dos tribunais que permitirão ao órgão desistir dos processos envolvendo causas onde já se sabe que a União perderá. Ou seja, a União se compromete a não recorrer contra decisões já reiteradas pela jurisprudência dos tribunais. Pelos cálculos de Toffoli, essas súmulas poderão ser aplicadas a cerca de 2 milhões de ações. Para o CNJ, a medida evitará a judicialização recorrente, impedindo que casos já julgados e com jurisprudência fixada de forma reiterada sejam novamente levados ao Judiciário. Na opinião dos integrantes do Conselho Nacional de Justiça isso poderá reduzir o volume de processos que tramitam nas instâncias do Judiciário. Outra consequência, avaliam conselheiros do CNJ, é que o Judiciário poderá se concentrar no julgamento das causas ainda não decididas. Isso deverá tornar mais ágeis os outros julgamentos. Gilmar Mendes lançou recentemente um desafio para o Judiciário, que é julgar neste ano todos os processos distribuídos até 31 de dezembro de 2005. MUTIRÃO CARCERÁRIO Os titulares do CNJ e a AGU assinaram um outro acordo que prevê a participação dos advogados públicos nos mutirões carcerários realizados pelo conselho em penitenciárias de vários Estados brasileiros. Nesses mutirões, grande parcela dos presos acabam obtendo benefícios que vão desde a progressão para um regime mais brando de cumprimento de pena até a soltura. De acordo com informações do CNJ, a AGU vai incentivar os advogados públicos a trabalhar como voluntários nos mutirões. Para José Dias Toffoli, os mutirões carcerários são "uma verdadeira política de direitos humanos, no sentido de verificar todas as pessoas que estão presas injustamente".

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