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Governo planeja campanha com mães de vítimas da ditadura

Campanha é pedido para donos de arquivos particulares transferirem documentos para os arquivos públicos

Por Alexandre Rodrigues
Atualização:

O ministro-chefe da Secretaria Especial de Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, disse nesta sexta-feira, 27, que o governo planeja uma campanha publicitária para divulgar, até maio, o sistema de acesso a informações oficiais que poderá trazer à tona documentos importantes do regime militar. Segundo ele, o Projeto Memórias Reveladas será lançado em breve pelos ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Franklin Martins (Comunicação). Este último estaria planejando uma peça publicitária para ser veiculada na TV com mães de desaparecidos durante a ditadura. Nos filmes, elas exibiriam fotos dos filhos e diriam que não querem morrer sem saber o que aconteceu com eles. A campanha seria parte da divulgação de um edital do governo convocando donos de arquivos particulares a transferir documentos para os arquivos públicos. Veja Também:Íntegra da contestação da AGU sobre a Lei da Anistia  Entenda o processo que resultou na Lei de Anistia   Direito à verdade: Livro conta história oficial  Especial traz a cronologia dos fatos de 1968  Opine: Mobilização da sociedade civil ajuda a rever lei de Anistia? Ao discursar na abertura da 8º Anistia Cultural, na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no Rio, Vannuchi pediu que ex-vítimas da repressão da ditadura, parentes de perseguidos e entidades de classe se organizem nos estados para propor ações judiciais em massa questionando a abrangência da Lei de Anistia, que completa 30 anos. Para ele, só com um volume maciço de ações na Justiça o Supremo Tribunal Federal (STF) entenderá que existe uma demanda da sociedade pela punição de militares que praticaram a tortura e abrirará caminho para puni-los. "Casos como o de Rubens Paiva e Stuart Angel não podem ser esquecidos. Essa informação (o paradeiro deles) tem que aparecer", cobrou Vannuchi. Em entrevista na saída da abertura do evento, que julgou pedidos de indenização de 21 professores e estudantes banidos de universidades pelo decreto-lei 477 de 1969, o ministro afirmou que o debate no governo sobre a necessidade de punir torturadores da ditadura não terminou, mas é apenas um dos caminhos. Para ele, é preciso que outros setores da sociedade entrem na mobilização. O presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça pediu que movimento sociais, intelectuais, imprensa e instituições também se mobilizem pela punição de torturadores e o esclarecimento de pontos nebulosos da repressão. Presente, a presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Lúcia Stumpf, afirmou que a entidade prepara uma série de manifestações no País em março e o acesso a informações sobre os crimes cometidos pela ditadura será uma das reivindicações. "Temos direito de conhecer a nossa história", defendeu.

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