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Governo pede perdão a Arraes em Caravana da Anistia

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Por Angela Lacerda
Atualização:

Chegou hoje ao Recife a 20ª Caravana da Anistia, promovida pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. O evento ocorreu no Palácio do Campo das Princesas exatamente 45 anos depois de o ex-governador de Pernambuco Miguel Arraes ter sido deposto e retirado do palácio pelo golpe militar, em 1º de abril de 1964. Num ato simbólico, que arrancou lágrimas do governador do Estado, Eduardo Campos (PSB), neto de Arraes, o ministro da Justiça, Tarso Genro, assinou portaria de declaração do ex-governador como anistiado político. "O Brasil pede hoje desculpas oficiais pelos erros cometidos contra Miguel Arraes, seus familiares e seus amigos", afirmou o presidente da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, Paulo Abrão Pires Júnior, na solenidade que homenageou o político, morto em 2005. A concepção tradicional da anistia, explicou o ministro da Justiça, Tarso Genro, foi forjada pelos juristas tradicionais, a de que a anistia é um perdão que o Estado concede. "A concepção de anistia que trabalhamos é a concepção de que quem pede perdão é o Estado", destacou. "Se o Estado pensa que está perdoando, na verdade está dizendo que aquelas pessoas foram criminosas ou que merecem uma comiseração do Estado". O Governo de Pernambuco doou acervo do Instituto de Criminalística ao Projeto Memorial da Caravana da Anistia e foi descerrada uma placa, no hall de entrada do palácio do governo, lembrando a deposição de Arraes pelo governo militar. Miguel Arraes foi preso na Ilha de Fernando de Noronha, depois de deposto, e passou 12 anos exilado na Argélia. Retornou ao Brasil com a Lei da Anistia e foi eleito outras duas vezes governador do Estado. O governador Eduardo Campos também indenizou 32 ex-presos políticos pernambucanos com valores que variam de R$ 7 mil a R$ 30 mil. Somente na sua administração, o total de indenizados correspondeu a 169. A Caravana da Anistia foi lançada em abril do ano passado e já percorreu 11 Estados. A Comissão de Anistia, criada em 2002, apreciou cerca de 45 mil do total de 64 mil requerimentos apresentados solicitando indenização por perseguição política. Um total de 29 mil brasileiros foram anistiados, dos quais cerca de 12 mil tiveram reparação econômica por danos comprovados.

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