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Governo Lula sai em defesa do ministro Palocci

Lula, ministros, integrantes da área econômica e até o PT uniram esforços em favor do ministro da Fazenda

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo Lula deu sinais de ter montado nesta sexta-feira uma operação para defender o ministro da Fazenda, Antonio Palocci. A estratégia parece ser elogiar as qualidades do comandante da política econômica e demonstrar o interesse eleitoral dos ataques da oposição. O primeiro movimento veio do presidente Lula, que cumpre agenda em Santa Catarina. "Pelo amor de Deus, permitam que a gente conclua o nosso trabalho", disse, num pedido explícito aos opositores, ao final de uma cerimônia alusiva às obras de recuperação e modernização do porto de São Francisco do Sul. O presidente também foi bem explícito quando o assunto foi o seu ministro: "O Palocci é o homem que tem responsabilidade pelas coisas boas que aconteceram na economia nacional, é o homem que tem prestado serviços extraordinários ao Brasil", declarou o presidente, após inaugurar em Itajaí o primeiro navio de pesca construído com recursos do governo federal. Lula afirmou que a acusação contra o ministro Palocci - de ter mentido ao Congresso quando afirmou que nunca tinha estado na mansão de Brasília em que se reuniam lobistas supostamente para dividir dinheiro ilegal - não muda a situação dele no governo. Perguntado como fica, agora, a situação do ministro, Lula respondeu: "Fica como está. Ele não pediu demissão, e, se pedisse, eu não aceitaria". Em Laguna, durante a inauguração da ampliação do terminal pesqueiro, Lula fez a terceira defesa do dia: "Começaram uma guerra contra o Palocci". Os ministros O socorro a Palocci e as críticas à oposição também vieram dos companheiros de ministério. O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse que a oposição está tentando "minar a credibilidade" de Palocci, para, com isso, desestabilizar a economia do País. "Eles estão dando mostras de que vão fazer de tudo para ganhar a eleição. Luiz Dulci, da Secretaria Geral da Presidência criticou a "motivação eleitoral" da oposição e disse que a CPI dos Bingos estaria sendo usada como "palanque eleitoral contra o governo". Mário Thomaz Bastos, ministro da Justiça, elogiou o trabalho do ministro e avaliou que Palocci está sendo alvo de um ataque especulativo e que a Polícia Federal não se prestará ao papel de colaborar com esse ataque, descartando, com isso, a hipótese de mandar abrir um inquérito contra ele. Recado ao marcado Na área econômica os soldados da operação foram o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Guido Mantega. As armas tinham alvo certo: palavras para tranqüilizar o mercado financeiro. "O investidor do setor produtivo, com projeto de longo prazo, "está dando menos atenção à fofoca política e ao conflito eleitoral", disse Mantega, referindo-se às denúncias contra o ministro. "Faço questão de deixar minha impressão pessoal do papel fundamental para a economia que hoje é exercido pelo ministro Antonio Palocci", afirmou Meirelles aos banqueiros reunidos na cerimônia de posse da nova diretoria da Associação Brasileira dos Bancos Internacionais (ABBI). Os companheiros Nem mesmo o partido do ministro, o PT, que não lhe poupa críticas na condução da política econômica, lhe faltou hoje. O deputado federal Ricardo Berzoini (SP),que comanda o partido, voltou a defender o companheiro Palocci, mesmo depois de ter divulgado na última quarta-feira uma nota em solidariedade. Apesar de afirmar que as investigações sobre o caso devem prosseguir, Berzoini afirmou que não existem elementos, até o momento, que sugiram que Palocci tenha faltado com a verdade. "Se ele disse que não esteve naquele local (Mansão do Lago Sul), nós acreditamos na palavra dele", disse o deputado. A situação do ministro ficou fragilizada depois que o caseiro Francenildo Santos Costa, conhecido como Nildo, revelou ao Estado que Palocci era freqüentador da casa no Lago Sul, em Brasília, onde se reuniam os integrantes da chamada república de Ribeirão Preto. A afirmação do caseiro contradiz o depoimento do ministro à CPI dos Bingos. O ministro nega as acusações. do caseiro. (Colaboraram Elder Ogliari, Lisandra Paraguassú, Ana Paula Scinocca, André Palhano, Vannildo Mendes, Ribamar Oliveira e Jander Ramon)

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