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Governo investiga grandes transações em busca de dinheiro do tráfico

Por Agencia Estado
Atualização:

A Unidade de Inteligência Financeira do governo, ligada ao Ministério da Fazenda, está fazendo um levantamento de todas as grandes transações financeiras feitas no País nos últimos anos e não comunicadas ao Banco Central. O objetivo é saber se elas estão relacionadas ao esquema de lavagem de dinheiro do narcotráfico. O traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, é um dos investigados, suspeito de manter bens em nome de terceiros. O governo mantém sigilo sobre as investigações. Muitas informações surgiram depois da análise de documentos levantados pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico, feita na Câmara dos Deputados e encerrada há cerca de um ano. "O relatório já mostrava que alguns suspeitos, como o próprio Fernandinho Beira-Mar, tinham bens em nomes das irmãs", afirma a chefe do Conselho de Controle das Operações Financeiras (Coaf) do Ministério da Fazenda, Adrienne Sena. Para intensificar o trabalho, o governo abriu três frentes de apuração para levantar os bens e o movimento financeiro do narcotráfico e dos grandes traficantes do Rio de Janeiro e de São Paulo. Uma delas está ligada à força-tarefa dos governos estaduais e federal e atua também em colaboração com os Ministérios Públicos Federal e Estaduais, principalmente no Rio. A tarefa principal cabe à Unidade de Inteligência Financeira, um grupo quase desconhecido na administração pública. "Um dos principais trabalhos é levantar as grandes operações, envolvendo vultosas quantias e que não passaram pelo crivo do Banco Central", afirma Adrienne Sena. Um dos pontos que mais dificultam a investigação é o fato de a maioria dos bens e do dinheiro estar em nome de terceiros, não dos traficantes. "Há a dissimulação natural dos recursos", afirma a chefe do Coaf, ressaltando que um dos objetivos principais da apuração é saber se as transações são usadas para lavar dinheiro do crime organizado. Uma das movimentações foi descoberta há um ano, quando o Coaf, a Polícia Federal e as autoridades de inteligência financeira da Bolívia descobriram que, pela conta de um libanês naturalizado brasileiro, passaram US$ 270 milhões em apenas oito anos. Parte do dinheiro, segundo as investigações, era de Fernandinho Beira-Mar. Os recursos eram enviados para La Paz e depois para o exterior, principalmente a Suíça. "Hoje já há vários processos centralizados na força-tarefa. Todas as operações vultosas que fogem do usual estão sendo comunicadas ao Coaf e investigadas."

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