Governo investe R$ 6 mi em centros de pesquisa de DNA

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Os ministérios da Justiça e da Ciência e Tecnologia estão investindo R$ 6 milhões na criação de cinco centros de pesquisa em exames de DNA, para capacitação de peritos. O governo quer não só melhorar a qualidade dos profissionais, mas também criar normas que valham para todos os laboratórios brasileiros, que hoje funcionam de forma independente. Os centros serão instalados no Rio de Janeiro, Maceió, Manaus, Distrito Federal e Porto Alegre. Eles funcionarão como referência para as regiões nas quais estiverem inseridos e ficarão abertos também a peritos de países vizinhos. A coordenação ficará a cargo de estudiosos de universidades federais (UFRJ, UFAL, UFAM, UnB, UFRGS, respectivamente), mas os núcleos poderão servir às secretarias de segurança dos Estados. No entanto, eles não realizarão exames de laboratório: apenas ensinarão como os testes devem ser feitos. ?Primeiro, vamos montar uma rede nacional de laboratórios-escola de DNA forense para, em seguida, submeter os profissionais a exames de proficiência na área?, disse ontem Edson Wagner Barroso, coordenador de planejamento estratégico da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp). Barroso informou que, à medida em que a atividade for normatizada, os laboratórios terão que se adequar às regras, a fim de que os exames sejam feitos de forma correta. Atualmente, segundo pesquisa internacional, 15% dos resultados são inexatos. Barroso informou que a verba será liberada pelos dois ministérios já em dezembro. Para 2004, a intenção é investir na identificação, por DNA, de linhagens de plantas da qual são originadas maconha e cocaína. O representante da Senasp participou do 2º Simpósio Internacional de Identificação Humana por DNA, que reuniu na Escola de Magistratura do Rio especialistas brasileiros e estrangeiros. A abertura foi feita pelo diretor do Laboratório de Biologia Forense do FBI, Bruce Budowle. Ele disse que os Estados Unidos gastarão US$ 1 bilhão no setor em 2004. Budowle explicou que, em seu país, a identificação por DNA tem sido muito útil para a resolução de diversos crimes, como estupros, assassinatos e seqüestros. Ele afirmou ainda que, lá, a taxa de resolução de crimes, de 70%, ainda precisa melhorar ? para o espanto dos especialistas brasileiros, que disseram que, no Brasil, somente 35% dos casos são concluídos. Durante o simpósio, foi divulgada pesquisa feita pelo laboratório da Uerj, em parceria com a empresa Applied Biosystems, que fornece material para exames, segundo a qual o número de crimes sexuais esclarecidos por exames de DNA no País aumentou 25% de 2002 para 2003. O diretor do Laboratório de Diagnósticos por DNA da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Elizeu Carvalho, aproveitou o encontro para anunciar que, seguindo modelo espanhol, o Rio terá um banco de dados com informações genéticas de famílias de desaparecidos. Dessa forma, caso sejam encontrados restos mortais em cemitérios clandestinos, por exemplo, os dados dos cadáveres poderão ser comparadas com os dos familiares.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.