Governo e PMDB fecham acordo sobre caso Renan

Planalto quer apressar o desfecho do caso Renan para facilitar conseguir prorrogar o 'imposto do cheque'

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Por Christiane Samarco e Cida Fontes
Atualização:

O governo e o PMDB fecharam um acordo tático para encerrar, até o final deste mês, o processo disciplinar que ameaça o mandato do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O Planalto quer apressar o desfecho do caso Renan para facilitar a aprovação da emenda constitucional que prorroga a Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). Os líderes governistas e de partidos da base avaliam que só haverá condições de reunir o mínimo de 49 votos para aprovar o projeto se os aliados conseguirem, antes, pacificar o ambiente político.   Veja também: Cronologia do caso Renan   Veja especial sobre o caso Renan    Renan responde a processo no Conselho de Ética do Senado sob a acusação de ter despesas pessoais pagas por um lobista. Outras acusações recaem sobre o senador: uso de "laranjas" na compra de rádios e fazendas em Alagoas, favorecimento à cervejaria Schincariol em troca de negócio com a família Calheiros. Esta semana outra representação foi encaminhada ao conselho no caso Schin e o corregedor da Casa, Romeu Tuma (DEM), anunciou na última quinta-feira que irá apurar se as rádios são de fato do senador. "O governo vai ter que arrumar o Senado, se quiser aprovar a CPMF. Da forma que o governo quer (sem partilhar os recursos da CPMF com Estados e Municípios), a oposição não aceita", diz o senador Sérgio Guerra (PE). O líder do PMDB no Senado, Valdir Raupp (RO), afirma que já há um entendimento no Conselho de Ética para votar logo o processo contra Renan, independentemente do resultado da perícia. "A demora é ruim para o País, para o Congresso, para o governo, que já começou a ter dificuldade em votações."     O senador Renato Casagrande (PSB-ES), um dos três relatores do processo contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), informou nesta sexta-feira, 10, em entrevista à Rádio Nacional, que espera que seja concluída na próxima semana a perícia da Polícia Federal nos documentos e disse que Renan será ouvido pelo conselho em 15 dias.   Nos cálculos do Planalto, a solução mais simples para superar a crise política é a permanência de Renan na presidência. O governo sabe que a sucessão no comando do Senado abriria uma disputa interna no PMDB, rachando o maior partido de sua base de apoio. Este cenário é inconveniente porque a seqüelas do racha peemedebista fatalmente comprometeriam a aprovação da CPMF.   Novo processo, novo relator   Em busca de relatores para as novas representações contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO), excluiu os colegas da oposição e os independentes. Com a triagem, fracassou a tentativa de Quintanilha de fixar prazo para definir as relatorias.   Inicialmente, o senador disse que eles seriam conhecidos na quinta-feira. Depois marcou a escolha para hoje e, diante da nova tentativa frustrada, previu que os novos relatores serão conhecidos "terça ou quarta-feira". "É desgastante você convidar uma pessoa e ela dizer que não ou pedir tempo para pensar", alegou o presidente do colegiado. O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) disse que aceitaria a "missão", mas que não foi convidado. "Relator existe, não existe quem eles querem que seja: alguém dócil, controlável", criticou. Segundo ele, outros senadores com disposição de aceitar a tarefa nem mesmo foram consultados por Quintanilha.   O senador Jefferson Péres (PDT-AM) é outro que em nenhum momento foi convidado a colaborar mais de perto com as investigações. "Ninguém me chamou", afirmou, sem especular as razões pelas quais não passou na seleção de Quintanilha. Eduardo Suplicy (PT-SP) também foi preterido na triagem. "Ninguém falou comigo, não recebi nenhum telefonema ou convite", informou.

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