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Governo diz ter um ´plano B´ caso controladores parem

Após reunião com ministro, os controladores recuaram e decidiram normalizar as atividades. O governo, no entanto, diz que tem uma ação para casos de emergência

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Por Agencia Estado
Atualização:

O governo avalia que já tem em mãos um plano B, uma ação para casos de emergência, caso os controladores não cumpram a promessa de voltar a trabalhar normalmente. "A prioridade é restabelecer a normalidade de forma sustentada, por um bom período, sem prazo", afirmou um assessor da Presidência ao Estado, informando que a ordem é de "não ficar refém dos controladores e nem de nenhuma outra categoria". No Planalto, o recuo dos controladores foi entendido como "sinal de maturidade". O presidente confidenciou a auxiliares: "Aprendemos uma lição com o que houve. Não ficaremos mais reféns deles. Eles não nos pegam mais de calça curta. Agora temos um plano B. Naquela noite de sexta-feira, não tínhamos alternativa, a não ser conversar porque, senão, ao invés das cinco horas de paralisação, seriam 24 ou sabe-se lá quantas". O presidente entende ainda que, agora, com as condições restabelecidas, "a situação é outra". Ao final de dois dias politicamente tensos por causa da crise militar que se instalou após a greve nos aeroportos na última sexta-feira, o governo tentava nesta terça-feira demonstrar tranqüilidade, certo de que não enfrentará novo apagão no feriado da Semana Santa. Após reunião com o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, os controladores recuaram e decidiram normalizar as atividades. A crise militar se instalou depois que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva suspendeu a prisão dos controladores de vôo amotinados e mandou o governo negociar com eles. Nesta terça-feira, mais uma série de reuniões foi realizada no Ministério da Defesa, no Comando da Aeronáutica e no Palácio do Planalto para tentar traçar uma estratégia de governo, para acabar, em definitivo, com a crise no setor aéreo, e evitar novas surpresas. Várias medidas foram tomadas ao longo do dia, algumas, visíveis. O Cindacta-1 (centro de controle do tráfego aéreo em Brasília) amanheceu sob o controle da FAB, cercado por policiais armados, para proteger as instalações, temendo represálias por parte dos controladores, que poderiam se revoltar ao saberem que o acordo estava revogado. O comando proibiu, ainda, o uso de telefones na sala de trabalho, para evitar articulações a partir de lá. Câmera Giratória O comando também convocou um "plano de reunião" com os sargentos-controladores da Defesa Aérea. O objetivo era ter pessoal à mão, ainda que não totalmente treinado para assumir as posições no Cindacta-1, casos os controladores decidissem parar. Um câmera giratória foi colocada no centro da sala de trabalho para vigiar melhor qualquer passo mais insuspeito do pessoal, assim como foi ampliado o rigor para circular na área e entrar no Centro. Havia também a ordem para que os uniformes do pessoal da Defesa aérea fosse alterado para a farda de campanha, camuflado, para facilitar a distinção dos demais controladores. Punições No caso das punições que virão por causa do motim, o governo lembra que "aí é com o Ministério Público Militar". Em relação ao que acontecerá no futuro, sobre uma anistia ou indulto, caso sejam condenados, o governo avisa que o presidente "não acena nem desacena com nada disso porque este assunto não está na pauta". Nas conversas que manteve nesta terça-feira, Lula recusou a acusação de que está renegando suas origens. Lembrou que, como sindicalista, nunca fez greve que deixou a população na situação em que ela ficou com a greve dos controladores. "Isso não é forma de luta", desabafou Lula, reiterando que ficou "refém da categoria" e que "isso não vai se repetir". Sobre o motivo que levou o governo a ficar refém dos controladores, reiterou: "porque a Aeronáutica deixou". Quanto à edição de uma medida provisória de desmilitarização do controle de vôo e projetos de lei com gratificações e planos de carreira, está tudo suspenso. "Não estamos pensando nisso agora. Só quando estiver restabelecida a normalidade de forma sustentada, por um bom período, sem prazo", avisou o assessor de Lula. "Precisamos de um tempo para voltar a conversar com eles (controladores)", acrescentou. Texto ampliado às 9h46

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