Governo demora e PMDB é cortejado por outras legendas

Por Agencia Estado
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Com a demora do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em definir o papel do PMDB no governo, o partido passou a ser cortejado por outras legendas tanto na Câmara quanto no Senado. Depois que suspendeu as conversas com o governo sobre o convite para integrar a base parlamentar, o líder do PMDB na Câmara, Eunício Oliveira, foi procurado pelos líderes do PP e do Prona, que querem fazer um bloco com a adesão dos 72 deputados peemedebistas. No Senado, o líder do PMDB, Renan Calheiros, recebeu ontem à noite a visita dos líderes do PFL, José Agripino (RN), e do PSDB, Arthur Virgílio (AM) que também propuseram a formação de um bloco. Aos interlocutores, Eunício e Renan informaram que ainda estão aguardando uma definição do governo, deixando claro, no entanto, que a delonga já estaria criando dificuldades internas no partido. A oposição quer atrair o PMDB no Senado para formar o bloco da maioria, que reuniria 49 senadores - número necessário para aprovar emendas constitucionais. O bloco governista, formado pelo PT, PSB, PTB e PL tem 24 senadores. "Vamos esperar o desfecho das negociações com o governo", disse Renan aos líderes do PFL e PSDB. Além do assédio de outros partidos, a demora do governo em definir a situação do PMDB no governo está fortalecendo também a ala do partido que defende uma postura de oposição ao Palácio do Planalto. Esse grupo é integrado pelo presidente do partido, Michel Temer (SP), e pelos deputados Geddel Vieira Lima (BA), Moreira Franco (RJ) e Eliseu Padilha (RS), ligados ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Na última reunião com os governadores, Michel Temer, segundo um dos presentes, estimulou o governador Roberto Requião a iniciar gestões internas para disputar a presidência da República em 2006 pelo PMDB. "Como você vai manter essa posição favorável ao governo se deseja disputar?", teria perguntado o presidente do partido a Requião. Além das pressões internas, os líderes do PMDB reclamam que até agora o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não deixou claro se o PMDB é necessário ou não para o governo no Congresso. O líder do PMDB na Câmara, Eunício Oliveira (CE), desabafou esta semana que, se o governo não organizar sua base, terá dificuldades na votação das reformas. Os problemas ficam mais evidentes a partir do momento em que o PT e o PC do B - principais parceiros do governo - estão sempre assumindo posições ambíguas em relação ao governo e hesitante na discussão das matérias importantes. Além disso, o PDT está a ponto de romper com o governo se depender da posição do presidente do partido, Leonel Brizola. O diretório nacional reúne-se nestes próximos dois dias no Rio para discutir a relação com o governo. "Como o PT vai encaminhar a cobrança previdenciária dos inativos?", perguntou Eunício Oliveira. "Se o PT é governo e tem dificuldades, imagine nós que não somos da base governista", completou o líder. Um fato que chamou atenção dos aliados ontem em uma reunião no Palácio do Planalto foi o anúncio do líder do PT, Nelson Pellegrino (BA), que afirmou que votaria com o governo na taxação dos servidores inativos. Seria estranho se fosse o contrário, comentaram os presentes.

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