Governo de coalizão não é distribuição de cargos, diz Garcia

E alfinetou: "Fala-se dessa despetização, quase como se tratasse de desratizar algo"

Por Agencia Estado
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Na primeira reunião do Diretório Nacional do PT após a reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente interino do partido, Marco Aurélio Garcia, minimizou a tese de "despetizar" o governo e disse que "fala-se dessa despetização, quase como se tratasse de desratizar algo". Em discurso que antecedeu o presidente Lula, Garcia defendeu a necessidade de governar com outros partidos, citou especificamente PSB e PCdoB, e ressaltou que um governo de coalizão "não é um condomínio, baseado na distribuição fisiológica de cargos". Na tentativa de acalmar os petistas, Garcia disse que a proposta de despetização nasceu da "tese falsa do ´aparelhamento´ do governo" pelo PT. "Não houve aparelhamento, nem haverá despetização", discursou o dirigente petista. Após acusar uma tentativa de impor à economia do País a "agenda derrotada" na eleição, Garcia disse que a "despetização" do governo é o "segundo ardil de quem quer confiscar a vitória de outubro". Ao defender o debate de idéias, ressaltou que não pode servir como "fogo amigo". No governo, se tornou clássico o "fogo amigo" especialmente entre os então ministros José Dirceu, da Casa Civil, e Antônio Palocci, da Fazenda, no embate de desenvolvimentistas e monetaristas. Para o presidente do PT, partido e governo têm de permanecer atento "ao peso da reação conservadora" contrária às mudanças sociais. Comunicação Ele também atacou os "críticos (do partido e do governo) que se consideravam formadores de opinião" e defendeu a democratização da comunicação como uma das prioridades para o governo de coalizão. Emblematicamente, o sociólogo e cientista político Emir Sader - condenado em primeira instância à pena de um ano de detenção, em regime inicial aberto, por injúria contra o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC) - foi o convidado especial do encontro e recebeu a solidariedade dos petistas. "Estamos juntos aos milhares de intelectuais que protestaram contra esse ato arbitrário, que faz lembrar os velhos tempos da ditadura militar, à qual serviu com afinco e dedicação o senador pefelista", enfatizou Garcia. Durante o discurso, o presidente do PT disse ainda que o partido "forjou-se na defesa da liberdade de expressão, tem a democracia no seu DNA e não transigirá a esse respeito" mesmo sob pressão dos adversários. Para Garcia, há uma tentativa de colocar o PT e o governo Lula como "inimigos da livre expressão do pensamento".

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