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Governo cria plano de prevenção para uso de armas biológicas

Por Agencia Estado
Atualização:

O governo brasileiro traçou um plano de defesa da saúde pública, no caso de um eventual uso de armas biológicas no conflito entre Estados Unidos e Iraque. Entre as providências, está prevista a adoção de medidas de quarentena para pessoas que vierem de países onde ocorram ataques por essas armas. "Um hospital em cada Estado foi destacado para receber suspeitos de estarem contaminados", afirmou o diretor do Centro Nacional de Epidemiologia do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa. Os centros escolhidos são todos de alta complexidade. Profissionais já receberam orientações básicas para tratar desses doentes. E a descrição técnica dos locais onde eles deveriam permanecer isolados. "São todas medidas de proteção. Não há como definir qual o procedimento, pois não sabemos quais poderiam ser os eventuais agentes biológicos usados." Ele lembrou ainda que essa estratégia foi planejada como segurança. "Ela somente será usada se, de fato, houver um risco real." Barbosa acha muito difícil que o vírus da varíola seja usado nessas armas. "Não há evidências de que o Iraque disponha desse vírus, muito menos que ele saiba como usá-lo", afirmou. Mesmo assim, o governo brasileiro adquiriu, há cerca de dois meses um estoque de 500 mil doses de vacina contra a doença. "É um estoque estratégico, uma segurança para um uso eventual entre profissionais de saúde." A doença, que já chegou a registrar 10 milhões de casos anuais, foi erradicada nos anos 70. "Não haveria nenhuma razão para vacinação em massa da população. As vacinas que compramos seriam usadas somente por pessoas que poderiam ser expostas ao vírus, como médicos e enfermeiros que trabalhassem com pacientes contaminados." A vigilância também deve ser reforçada no caso de contaminação por antraz. "Essa é a única medida necessária", afirmou. A possibilidade de a doença ser transmitida de uma pessoa contaminada para outra, conta, é extremamente reduzida. O mais comum é que o antraz liofilizado seja usado em aparelhos de ar-condicionado ou cartas, como ocorreu nos Estados Unidos, depois do ataque ao World Trade Center, em 2001. "Desde aquele episódio realizamos um trabalho de vigilância. Agora, ele será reforçado." Barbosa lembra, no entanto, que essas medidas são apenas prevenção. "A maior preocupação é de uma pessoa vinda de outro país chegar contaminada ao Brasil." Quanto aos eventuais agentes usados em armas químicas, Barbosa afirmou: "Não há como fazer nenhuma previsão. Somente com o uso dessas armas poderão ser detectados os agentes biológicos usados e, assim, definir o tratamento ideal."

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