PUBLICIDADE

Governo cria exame federal para supletivos

Por Agencia Estado
Atualização:

Jovens e adultos que concluíram seus estudos em cursos supletivos poderão, a partir deste ano, fazer uma nova avaliação para testar seus conhecimentos, o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Enceja). Trata-se de um exame voluntário, que será realizado em todo o País, pela primeira vez, em setembro e outubro próximos. "Atendemos a um pedido dos Estados, para que fosse criada uma avaliação nacional", explicou o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, durante a posse da nova secretária executiva do Ministério da Educação, Maria Helena Guimarães de Castro. O exame foi criado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) e segue os moldes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) - ou seja, o objetivo é avaliar a capacidade de o aluno aplicar o que aprendeu na escola. Por isso, não será organizado a partir dos conteúdos das disciplinas, mas de áreas do conhecimento (língua portuguesa, ciências naturais e ciências humanas). Os candidatos farão ainda uma redação. Podem fazer o exame os estudantes egressos dos cursos supletivos de ensino fundamental e médio. Apesar de o exame ser voluntário, Maria Helena acredita que ele é importante porque criará um referencial do que aluno deve saber ao concluir os estudos. Isso é importante porque, ao se estabelecer um padrão, as escolas particulares que oferecem cursos supletivos terão de se adaptar a ele. A conseqüência deverá ser o enfraquecimento da "indústria de diplomas" que atua nesse segmento, disse Maria Helena, referindo-se às escolas que prometem certificados em curto prazo mas oferecem ensino de má qualidade. Além disso, o Enceja tende a se fortalecer na medida que os Estados aderirem à avaliação, substituindo os exames estaduais. Pela lei, cabe aos Estados avaliar e dar o certificado a esses estudantes. Segundo Maria Helena, quatro Estados já estão estudando aderir ao Enceja. Na opinião da educadora Maria Clara di Pierro, assessora da ONG Ação Educativa, especializada em educação de jovens e adultos, o Enceja pode, realmente, ter o efeito positivo de enfraquecer a "indústria de diplomas", mas ela alerta para um problema, decorrente da legislação em vigor. Pela lei, podem obter certificado de conclusão do ensino fundamental e médio por meio de cursos supletivos jovens com 15 e 18 anos, respectivamente. "Como a idade é muito próxima da dos alunos que estão na escola regular, o exame pode ser encarado como um meio mais fácil de obter o certificado, levando estudantes a abandonar a escola. Ele pode se tornar apenas um meio de acelerar a formação", disse. "Além disso, o exame tem de levar em conta as diferenças regionais e o fato de que os adultos aprendem de um jeito diferente dos jovens que freqüentaram a escola na idade correta."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.