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Governo aprova na Câmara salário mínimo de R$ 260

Por Agencia Estado
Atualização:

A Câmara aprovou hoje, em votação simbólica, a medida provisória que fixa o salário mínimo em R$ 260,00. Antes da decisão definitiva, por 167 votos a favor, 266 contra e seis abstenções, o governo conseguira derrubar o relatório do deputado Rodrigo Maia (PFL-RJ), que propunha um mínimo de R$ 275. O Palácio do Planalto terá agora de se empenhar para aprovar a MP no Senado, onde as resistências são grandes e o governo não dispõe de maioria folgada. Para sair vitorioso e conseguir aprovar os R$ 260, o Planalto não mediu esforços. Logo pela manhã, o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, iniciou uma peregrinação, que durou mais de sete horas, na Câmara em busca de votos dos aliados. Além disso, a edição de ontem do Diário Oficial da União publicou um aumento no limite de gastos do Orçamento em R$ 200 milhões, que serão destinados ao pagamento de emendas apresentadas por deputados e senadores. Ao mesmo tempo, para abrir caminho para aprovação da MP sem entrar na barganha ostensiva de votos, ministros do governo Lula encarregaram seus auxiliares de telefonar para os deputados comunicando a liberação de emendas apresentadas ao Orçamento deste ano. Uma das assessorias que mais trabalhou ontem foi a do ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Patrus Ananias, que se dedicou especialmente aos deputados do PMDB, que ameaçavam votar contra o mínimo de R$ 260. As emendas liberadas são de baixo valor, em torno dos R$ 100 mil, e a maioria delas para municípios pequenos. Para garantir o mínimo de defecções no PMDB, a cúpula do partido montou uma operação de emergência. O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), entrou pessoalmente nas negociações para a aprovação da MP e telefonou para o secretário de Segurança do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, e lhe fez um apelo para que convencesse os 18 deputados do PMDB fluminense a votar a favor do mínimo de R$ 260. ?O Garotinho não quer nada do governo federal. Quer apenas ter uma relação política respeitosa e acha que está havendo dificuldades?, afirmou Renan. O ministro da Previdência, Amir Lando, também entrou em campo para reforçar a pressão aos parlamentares peemedebistas para a aprovação da MP. ?O impacto do aumento é lá?, disse Lando, para justificar sua presença e mostrar o reflexo do novo salário mínimo nas contas da Previdência Social. Ontem, o ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, também foi à Câmara para conquistar votos de peemedebistas, que se mostravam reticentes a aprovar o mínimo de R$ 260. A expectativa era de que 50 do total de 78 deputados do PMDB votassem hoje com o governo. Depois de se reunir com os líderes de 10 partidos aliados, o ministro Aldo Rebelo saiu confiante da Câmara. ?A expectativa é de que o ambiente das bancadas é muito favorável e a base conseguirá aprovar a MP?, disse Rebelo, após percorrer quase um quilômetro dos corredores da Câmara para conversar com os líderes em seus gabinetes e almoçar apenas alguns biscoitos no gabinete da liderança do governo. A todos, o ministro fez questão de afirmar que a votação do mínimo seria emblemática, um divisor de águas e o momento de a base mostrar quem está com o governo e quem está contra. ?É uma batalha política?, afirmou Rebelo, ao deixar a Câmara depois de se reunir com os líderes do PMDB, PTB, PT, PPS, PP, PSB, PSC, PV, PL e PC do B. ?Estou mais preocupado com o jogo do Brasil que com a votação do mínimo?, minimizou o líder do PP, deputado Pedro Henry (MT), depois de se reunir com Aldo e garantir que as dissidências em sua bancada seriam poucas. A reunião mais demorada do ministro da Coordenação Política foi com o PL, partido do vice-presidente José Alencar. Os deputados do PL aproveitaram o encontro para fazer reclamações sobre o tratamento que o partido vem recebendo do governo e de seus ministros. O líder partido, Sandro Mabel (GO), contou que os parlamentares expressaram problemas pontuais, políticos e de relacionamento, na reunião com Rebelo. ?Esses problemas sempre supitam em formas mais agudas e aquecidas em votações mais importantes para o governo?, afirmou Mabel. Além de Rebelo, a maioria dos ministros do governo atuou para garantir a aprovação do mínimo de R$ 260. Até o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, se reuniu, anteontem à noite, com a bancada do PT para evitar dissidências. ?As dificuldades em relação ao salário mínimo não são só financeiras, do Orçamento. É também porque o governo está investindo R$ 10,5 bilhões na Loas e no bolsa família?, argumentou Palocci para os petistas. Hoje, foi a vez do ministro do Turismo, Walfrido Mares Guia, do PTB, desembarcar na Câmara para ajudar a cabalar votos a favor da MP. ?Vamos ter 45 votos a favor do governo?, afirmou o presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ). Já o ministro Eduardo Campos, da Ciência e Tecnologia, conseguiu, por telefone, reverter votos na bancada do PSB. A expectativa era que dos 20 deputados da bancada, 16 comparecessem à votação e 12 deputados votassem com o governo.

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