Governo ameaça fechar 81 cursos de pós-graduação

Por Agencia Estado
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O ministro da Educação, Paulo Renato Souza, ameaça fechar em novembro 81 programas de pós-graduação no País, sendo 21 no Estado de São Paulo. Dos 1.511 programas e 2.357 cursos avaliados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), 5% apresentaram níveis de desempenho abaixo do padrão estabelecido pelo órgão. A decisão será tomada pelo Conselho Nacional de Educação. Até o dia 14 de setembro, as instituições ameaçadas podem apresentar defesa. Os alunos dos programas com "má qualidade" terão assegurado o direito de concluir os cursos. A pesquisa da Capes levou em conta a representatividade dos docentes, a produção em revistas especializadas e informações repassadas pelas universidades. A lista dos ameaçados inclui, entre outros, 17 programas no Rio; seis no Rio Grande do Sul e em Pernambuco; cinco na Bahia e Paraíba; e três em Brasília e no Paraná. A Universidade de Brasília entrou na relação com os programas de Ciências da Computação, Estatística e Clínica Médica. A avaliação da Capes classificou os programas de 1 a 7. 86% ficaram nos níveis de 3 a 5 (médio e muito bom). Só 9% receberam conceito 6 e 7 (excelência internacional). As universidades vão formar, neste ano, um número recorde de 6 mil doutores e 20 mil mestres. Em crescimento, a produção acadêmica brasileira está sendo mais reconhecida pela comunidade internacional. No ano passado, 32% dos artigos publicados pelos pesquisadores brasileiros em 8.500 revistas especializadas no exterior tiveram participação de cientistas de outros países. No início da década de 80, o índice era de 20%. Hoje, o índice de diplomados nos cursos de mestrado e doutorado é 30% superior ao porcentual verificado há dez anos. Dos 308 programas abertos nos últimos três anos, 45% foram nas universidades federais, 14% nas instituições estaduais de São Paulo e 22% nas entidades de outros Estados. A pesquisa mostra que as universidades paulistas estão freando a expansão. Na divulgação do relatório, o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, fez questão de fazer um "comercial" do governo. "O ministério sempre é criticado por priorizar apenas o ensino fundamental", disse. "A pós-graduação nas universidades federais cresceu, nos últimos cinco anos, 56%." A rede federal responde por 57% dos cursos de mestrado e 52% de doutorado. Em seguida vêm as instituições estaduais (30% e 39%) e particulares (13% e 9%). As universidades municipais contam com três mestrados e um doutorado, que representam menos de 1% do total. "Mesmo com fama de sucateadas, as universidades federais são responsáveis pela evolução da pós-graduação no País", afirmou o diretor de programas da Capes, Luiz Loureiro. "Dorme com um barulho desses." São Paulo, Rio de Janeiro e Minas lideram no número de classificações nos dois níveis superiores de avaliação, com 57, 30 e 13 programas considerados de excelência internacional. Entre as instituições dessa lista estão a Universidade de São Carlos (Ciência e Engenharia de Materiais, Engenharia Química e Química); Universidade de Campinas (Ciências de Alimentos, Ciências Sociais e Engenharias Elétrica, Mecânica, de Alimentos e Química); e Universidade de São Paulo (Estatística, Bioquímica e Direito). Longe do eixo Rio-São Paulo, 12 instituições contam com programas de padrões internacionais. Foram incluídas nessa relação as federais da Paraíba, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Santa Maria, Minas Gerais, Viçosa, Santa Catarina; a Universidade de Brasília; Escola Federal de Itajubá; a Universidade Tuiuti do Paraná; e a Escola de Teologia do Rio Grande do Sul.

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