Governo admite dividir comando de CPI com oposição

PUBLICIDADE

Por Cida Fontes
Atualização:

Após se antecipar à oposição e propor uma CPI no Senado para apurar o uso indevido dos cartões corporativos, a próxima etapa do governo é indicar pessoas de sua confiança para ter o controle das investigações. O líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), autor do requerimento de criação da CPI protocolado ontem, disse hoje que, como tem maioria, a base aliada poderia ocupar os postos mais importantes, a relatoria e presidência. No entanto, ele admite fechar um acordo com a oposição para a definição dos dois nomes. "Defendo que seja partilhado", disse. Os 11 integrantes da CPI são indicados pelos líderes partidários e isso deverá acontecer na próxima semana. Como terá maioria, o governo poderá derrubar requerimentos da oposição ou abortar iniciativas que eventualmente deixem o Executivo na berlinda. Para que as investigações não se limitem ao governo Luiz Inácio Lula da Silva, Jucá propôs que sejam feitas a partir de 1998, o que inclui a gestão de Fernando Henrique Cardoso. "O governo não vai apanhar calado nem ser bode expiatório", afirmou o líder. Segundo Jucá, o aumento dos gastos com cartão em 2007 ocorreu por conta dos saques feitos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), durante os censos agropecuários e das pequenas e médias cidades, e pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin), com os jogos pan-americanos. Ao tentar esvaziar a iniciativa da oposição, que já estava coletando assinaturas para criar uma CPI mista (Câmara e Senado), o governo espera também reduzir o impacto das denúncias envolvendo funcionários do Executivo. "Vamos levantar se houve abuso e distorção de gastos do setor público", afirmou o senador, lembrando que as despesas do presidente e de seus filhos não podem ser investigadas. "Não vamos aceitar exploração política com a CPI." A comissão destinada a apurar irregularidades das ONGs, por exemplo está monitorada pelo governo, que tem maioria na CPI, e as investigações estão praticamente paralisadas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.