Governadores querem guarda nacional

Por Agencia Estado
Atualização:

A nova onda de greves das polícias militar e civil, que mantém em estado de alerta diversos Estados brasileiros, pode tirar da gaveta o projeto de criação de uma guarda nacional. Acuados pelas manifestações dos policiais, alguns governadores de Estado vêm defendendo a idéia, frisando que a unificação das polícias militar e civil pode ser uma boa solução para o impasse nas corporações. Esse foi um dos pontos abordados na reunião promovida pelo presidente Fernando Henrique Cardoso com um grupo de 10 chefes de governo que têm enfrentado mobilizações de policiais. Os governadores discutiram ainda a possibilidade de serem adotadas condutas semelhantes nos Estados quando houver paralisações, como forma de coibir as mobilizações. ?Temos que repensar a questão do policiamento e da segurança no País, pensar em uma guarda nacional e na junção das polícias?, disse o governador da Bahia, César Borges (PFL). ?Os governadores e os poderes constituídos têm de ter alguma proteção, nesse momento, em que, rapidamente, alguma força superior possa intervir dando paz, tranqüilidade e segurança para a população?. A guarda nacional, explicou, poderia ser formada pelas próprias Forças Armadas. A Polícia Militar seria subordinada ao Ministério da Defesa. ?Temos que sair desta reunião com uma proposta que possa chegar rapidamente ao Congresso, com apoio político dos governadores e do presidente da República para que aprovemos rapidamente?, defendeu. ?Hoje, o País está intranqüilo diante desses motins?. A proposta de dar poder de polícia às Forças Armadas, o controle das PMs pelo Exército e a ajuda que o governo federal pode dar aos Estados também estava na pauta do encontro realizado no Planalto. ?As PMs hoje têm arma e veículos melhores, coletes à prova de bala, além de estarem recebendo treinamento de qualidade?, declarou o ministro da Justiça, José Gregori, antes da reunião. ?O governo federal, com o plano nacional de segurança pública está melhorando a situação das polícias. Vamos continuar ajudando os governos no que for preciso, menos em relação a salários?, observou Gregori, depois de advertir que todo apoio será dado sempre que for necessário. ?Mas o diálogo e a ajuda cessarão se houver greve. Teve motim, baderna ou greve, aí não tem conversa?, advertiu Gregori, com total apoio do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Alberto Cardoso. Borges declarou-se favorável a que as Forças Armadas tenham poder de polícia e negou que a medida, em estudo pelo Palácio do Planalto, seja uma volta ao passado. ?Retrocesso é acabarmos com o estado democrático de direito, colocando uma polícia militar que foi armada para dar proteção à população ameaçando os poderes constituídos?, comentou. ?O poder de polícia para o Exército ajuda muito. Se não fosse o Exército em Salvador, dificilmente nós conseguiríamos conter aquela onda de violência que foi causada pelos próprios amotinados?. Na sua opinião, a solução desse problema envolve a criação de algum mecanismo para socorrer os governadores durante esses conflitos, pelo tratamento político do que qualificou como o crescente partidarismo das corporações policiais e, finalmente, pela revisão da gestão de recursos humanos, com maior investimento em salários e capacitação profissional para os policiais militares e civis. ?O que desejamos é uma PM equipada e competente, bem treinada e bem remunerada para servir bem à população?. César Borges descartou que as greves tenham como pano de fundo apenas a questão salarial. ?Não vamos deixar de ter sempre os insufladores de greve, que o Brasil conhece e sabem quem são, que procuram deflagrar esses movimentos para tirar proveitos políticos, partidários e eleitorais e que levam à insegurança da população?. Na reunião com o presidente Fernando Henrique estiveram presentes os governadores da Bahia, Pará, Distrito Federal, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Tocantins, São Paulo, Paraná, Alagoas e Ceará. Pelo governo federal estavam também presentes os ministros da Justiça, do Gabinete de Segurança Institucional, da Secretaria-Geral, o advogado da União e o chefe do Estado-Maior de Defesa, representando o Ministério da Defesa. O porta-voz do Planalto, Georges Lamazière, explicou que foram convidados para a reunião os governadores que estavam enfrentando problemas nos Estados, no momento.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.