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Governador do Paraná critica reportagem do <i>Estado</i>

Requião empregou termos como ´imprensa marrom´ e ´canalha´ para atacar veículo

Por Agencia Estado
Atualização:

O governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), aproveitou a transmissão ao vivo de sua reunião com o secretariado, na terça-feira, 27, para criticar veículos de comunicação que julga terem perseguido sua administração. "Imprensa marrom" e "canalha" foram alguns dos termos usados por Requião. O Estado foi um dos alvos, em razão de reportagem publicada no dia 21, em que citava o Paraná como um dos oito Estados que não cumpriram parte da Lei de Responsabilidade Fiscal. "O famoso O Estado de S.Paulo, jornal de comportamento extraordinariamente duvidoso, mas claramente contra os interesses do País, interesses do povo, interesses nacionais", disse Requião, usando várias vezes o termo "canalha" ao se referir ao jornal. Depois do desabafo, o ex-secretário de Planejamento Nestor Bueno foi chamado para dizer que o Estado apresentou números de um relatório parcial. Ele admitiu que, nesse relatório, que retrata a posição de 31 de dezembro de 2005, aparecem R$ 2,7 bilhões de "restos a pagar", como informou a reportagem. Sua objeção foi contra incluir precatórios inscritos em anos anteriores - com R$ 2,6 bilhões de valor nominal - como restos a pagar. Segundo Bueno, o jornal agiu incorretamente ao comparar esse resultado com o de outro relatório, que apresentaria restos a pagar de cerca de R$ 800 milhões e suficiência de caixa de pouco mais de R$ 600 milhões. "Nós estaríamos inadimplentes tão somente por R$ 100 milhões, menos do que o valor que estamos acusando como efetivamente devido em 2005", salientou. Requião afirmou que essa explicação foi fornecida posteriormente ao Estado, mas não publicada. No caso envolvendo o jornal, o governo paranaense foi procurado antes da publicação da reportagem, mas não se pronunciou. Foram utilizados então dados de relatórios oficiais de agosto de 2006 - mesmo critério adotado para os demais Estados. Bueno entrou em contato com a reportagem apenas na quinta-feira passada, um dia depois de publicado o texto, e tentou argumentar que "nem nos próximos dez anos a dívida de precatórios será paga". Para chegar à diferença apontada, o governo do Paraná cancelou R$ 1,68 bilhão de precatórios - cujo valor teria sido revisto judicialmente - e excluiu do cálculo outros R$ 480 milhões que estão nos "restos a pagar", dados publicados em reportagem no dia seguinte. De acordo com técnicos do Tesouro, não há justificativa para a exclusão desses "restos a pagar" do relatório da Lei de Responsabilidade Fiscal.

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