O peemedebista Marcelo de Carvalho Miranda, de 47 anos, mostrava uma resignação surpreendente, na manhã desta quarta-feira, para um governador que perdeu o mandato. A tranquilidade de Miranda tem explicação. Com ampla maioria na Assembleia Legislativa, ele certamente verá um correligionário vitorioso na eleição indireta. Além disso, o governador interino, Carlos Henrique Gaguim, presidente da Assembleia Legislativa, é aliado de Miranda - assim como o novo comandante do Legislativo estadual, Júnior Coimbra, que conduzirá o processo eleitoral. São todos do PMDB.
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O filho do ex-governador de Tocantins José Wilson Siqueira Campos (PSDB), autor da ação contra o governador cassado Marcelo Miranda (PMDB), informou que seu pai vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de realizar eleições indiretas no Estado. Marcelo Miranda e seu vice, Paulo Sidnei (PPS), tiveram o mandato cassado na noite da última terça-feira.
O TSE argumentou que, como Miranda foi eleito com mais de 50% dos votos, no primeiro turno de 2006, e faltam menos de dois anos para o fim do mandato, a legislação determina eleição indireta para o substituto. O sucessor será eleito pelos 24 deputados estaduais. O ex-senador e ex-prefeito de Palmas Eduardo Siqueira Campos, filho do ex-governador, afirmou que a família ainda espera uma decisão do STF em favor da eleição direta.
"Caímos na eleição indireta porque uma série de manobras levou a decisão para o segundo biênio. Desde 2006 está caracterizada a fraude. A grande expectativa da população é participar de eleições diretas", disse Eduardo Siqueira Campos.
O governador cassado, em vez de lamentar a decisão judicial, já tem planos para o futuro: pretende ser candidato ao Senado em 2010. Por telefone, enquanto esperava a chegada de Gaguim, na porta do Palácio Araguaia, Miranda falou ao Estado.
Como o senhor reage à decisão do Tribunal Superior Eleitoral de cassar seu mandato?
Recebi a decisão com humildade e respeito à Justiça. Ontem (última terça-feira) foi um dia normal de trabalho, mas à noite veio este desfecho. Para mim, a luta não acabou, vamos dar continuidade ao governo. Desejo que o novo governador seja muito feliz.
O senhor não teme a interrupção de suas ações no governo?
O novo governador é do nosso partido. Estou tranquilo para dizer que fiz o que pude, que em grande parte nosso trabalho foi cumprido. Todos os secretários vão entregar o cargo, é uma equipe valorosa, cabe ao novo governador escolher sua equipe.
O senhor foi punido por abuso do poder político nas eleições de 2006. Como se defende das acusações?
Continuo dormindo em paz. Entrei pela porta da frente e sairei pela porta da frente.
Concorda com eleições indiretas para seu substituto?
Foi determinado pelo TSE que tem que ser eleição indireta. Respeito o eleitor indireto. O deputado estadual representa o eleitorado. Quem vai votar são os 24 deputados, mas a sociedade deve ser chamada a participar.
O senhor vai se engajar na campanha do governador interino, Carlos Gaguim, para o mandato-tampão?
Vou ser muito sincero: ainda não pensei nisso. Se eu for convocado pelo partido, estou pronto a contribuir.