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Gleisi não tem experiência nem liderança necessárias, diz presidente do PSDB

Senadora petista assume a Casa Civil no lugar de Antonio Palocci, que renunciou ao cargo.

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Por João Fellet
Atualização:

O presidente do PSDB, o deputado federal Sérgio Guerra (PE), disse nesta quarta-feira à BBC Brasil que a nova ministra-chefe da Casa Civil, a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), não tem os atributos necessários para assumir a vaga deixada na terça-feira por Antonio Palocci. "A ministra nomeada não tem nem a experiência, nem a estatura, nem a liderança que Palocci tinha", afirmou Guerra. Para ele, o currículo da ministra não lhe confere "nem experiência na articulação política, nem experiência gerencial". "(Gleisi) participou de um governo mal-sucedido no Mato Grosso do Sul, teve tarefa discreta numa prefeitura do interior do Paraná e depois foi diretora da Itaipu, uma empresa que praticamente não tem competidores", afirmou o tucano. Filiada ao PT desde 1989, Hoffmann, de 45 anos, foi secretária estadual no Mato Grosso do Sul e secretária de Gestão Pública em Londrina (PR). Em 2002, ela integrou a equipe de transição de governo do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva e foi nomeada diretora financeira da hidrelétrica de Itaipu. À época, a atual presidente Dilma Rousseff ocupava o cargo de ministra de Minas e Energia. Segundo Guerra, o afastamento de Palocci se deu com atraso. "Se ele não ia explicar razões, as causas do enriquecimento dele, não deveria ter ficado tanto tempo no cargo." 'Desgaste político' Palocci deixou o posto na terça, três semanas após uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo revelar que seu patrimônio cresceu ao menos 20 vezes enquanto era deputado federal, entre 2006 e 2010. Os ganhos, segundo Palocci, foram auferidos por sua empresa, a Projeto, por meio de consultorias na área econômica. A oposição e alguns políticos aliados do governo, no entanto, vinham exigindo a saída do ministro, além de uma investigação para apurar se a evolução do patrimônio de Palocci configura enriquecimento ilícito. Ao renunciar ao cargo, Palocci disse que "a continuidade do embate político poderia prejudicar suas atribuições no governo". Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), a saída de Palocci "não sepulta o grande escândalo que foi protegido e blindado durante mais de 20 dias, produzindo enorme desgaste político ao governo". Dias afirma que o PSDB insistirá para que o enriquecimento de Palocci seja investigado. "É preciso lembrar que a demissão não é uma sentença de absolvição", diz à BBC Brasil. Para o senador, dificilmente a oposição conseguirá as assinaturas necessárias para aprovar a criação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) no Congresso, mas, ainda assim, deverá cobrar o Ministério Público para que apure as acusações contra o ministro. "Embora ele agora seja um cidadão comum, a atuação dele vai além dessa esfera." 'Casa mal-assombrada' Ainda que seja do Paraná, mesmo Estado de Gleisi, Dias não quis se pronunciar sobre a nova ministra. "Por uma questão de ética, devo aguardar o desempenho dela", disse. "Não nos cabe analisar nome algum, mas sim desejar o bem e fiscalizar a atuação." Dias lembrou crises anteriores na Casa Civil durante o governo Lula, como as que derrubaram os ex-ministros José Dirceu e Erenice Guerra, e disse esperar que o governo aja para que "a Casa Civil deixe de ser uma espécie de casa mal-assombrada". Embora analistas atribuam a saída de Palocci, em grande medida, à falta de apoio ao ministro dentro do governo, o senador afirma que a oposição teve importância no processo. "Sem a atuação da oposição, certamente não haveria alteração no governo. Ao cobrar esclarecimentos, a oposição cumpre seu papel e motiva a opinião pública". BBC Brasil - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito da BBC.