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Getúlio Vargas é inscrito no Livro dos Heróis da Pátria

Nem mesmo o fato do ex-presidente ter instalado uma ditadura no País impediu que projeto fosse aprovado

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Por Marcelo de Moraes
Atualização:

Nem mesmo o fato de ter instalado uma ditadura no País no período de 1937 a 1945 impediu que a Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado aprovasse nesta terça-feira, 10, a inscrição do nome do ex-presidente Getúlio Vargas no Livro dos Heróis da Pátria, que está depositado no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, em Brasília. O projeto, de autoria do senador Marconi Perillo (PSDB-GO) e relatado pelo senador Pedro Simon (PMDB-RS), foi aprovado em caráter terminativo. Ou seja, tem tramitação mais rápida do que o normal, não precisando ser votado pelo plenário do Senado, seguindo diretamente para a apreciação da Câmara dos Deputados.   Vargas chegou ao poder pela primeira vez em 1930, como principal líder político da revolução de 1930, que derrubou do poder o então presidente Washington Luís, dando ao político gaúcho o comando do governo provisório do Brasil e encerrando o período conhecido como República Velha.   Em 1934, Vargas foi eleito presidente de forma indireta pelo Congresso Nacional, com mandato previsto até 1938, quando seriam feitas novas eleições. Antes disso, porém, Vargas deu um golpe, iniciando uma ditadura no Brasil até 1945, no período conhecido como Estado Novo. No período, houve perseguições políticas e prisões, acirramento da censura e até mesmo flerte político com o nazismo alemão, no período que antecedeu a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, ao lado dos aliados, depois de ser pressionado politicamente pelos Estados Unidos para se alinhar contra as forças do Eixo.   Um dos episódios mais polêmicos do período do governo Vargas foi a extradição, para a Alemanha, em 1936, de Olga Benário, então companheira de Luiz Carlos Prestes, principal líder comunista do Brasil. Ambos foram presos depois do fracasso da Intentona Comunista, uma tentativa de fazer uma revolução no País.   A extradição de Olga, que era alemã e judia, foi pedida pelo governo nazista, baseada nas suas atividades ligadas ao movimento comunista na Alemanha, e foi aprovada pelo Supremo Tribunal Federal. A defesa de Olga pediu indulto a Vargas, já que Olga estava grávida de Prestes e a extradição representaria entregar o filho de um brasileiro para um governo estrangeiro. Getúlio Vargas não concedeu o indulto e Olga acabou morrendo num campo de concentração em 1942.   O episódio foi lembrado ontem durante a sessão pelo senador Inácio Arruda (PC do B-CE), mas ele próprio citou que Prestes, posteriormente, apoiou a campanha eleitoral de Vargas, quando retornou à Presidência pelo voto direto, em 1951.   Relator da proposta, Pedro Simon não poupou elogios para o ex-presidente. "Vargas foi um grande estadista e um dos nomes mais fantásticos de nossa história", argumentou.

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