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General Heleno diz que há 'inversão' na discussão sobre direitos humanos

Apontado como futuro ministro da Defesa, general afirmou que os 'direitos humanos são basicamente para humanos direitos' e que 'essa percepção não tem acontecido'

Foto do author Haisem Abaki
Por Carolina Ercolin , Haisem Abaki e Paulo Beraldo
Atualização:

Apontado como futuro ministro da Defesa no governo de Jair Bolsonaro (PSL), o general Augusto Heleno afirmou na manhã desta quarta-feira, 31, que a transição já começou, que o País está deixando a desejar no combate à criminalidade e que há certa inversão na discussão sobre direitos humanos hoje no Brasil. As declarações foram dadas em entrevista exclusiva à Rádio Eldorado

O general comentou que, no Brasil, não há progresso na redução da criminalidade nem na contenção do crime organizado. Em sua opinião, é fundamental respeitar os direitos humanos na resolução desses problemas, mas diz que há "inversão de valores nessa história". "Direitos humanos são basicamente para humanos direitos. Essa percepção muitas vezes não tem acontecido. Estamos deixando a desejar nesse combate à criminalidade", disse. 

O general Augusto Heleno (PRP-DF) é da reserva do Exército brasileiro e comandou as tropas do País no Haiti. Foto: JOSÉ PATRÍCIO/AE

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Ele ressaltou, no entanto, que o assunto dos direitos humanos é de "alta relevância" e disse que a necessidade de existir um ministério é discutível. "Se mudar a estrutura, não vai mudar sua importância", pontuou. Segundo Heleno, é preciso mudar a visão estratégica do problema da segurança. Questionado sobre a manutenção da intervenção federal no Rio, Heleno disse que a decisão cabe ao futuro presidente. "É um assunto a ser discutido. Vai ser objetivo de conversa entre o novo governador (Wilson Witzel, do PSC) e o presidente". 

O general da reserva enxerga que, com o uso das tropas federais, a situação se converteu em um problema de segurança nacional. "Não podemos aceitar que caminhemos pouco a pouco para virar um 'narcopaís'. O número de homicídios que temos no Brasil, o maior consumidor de crack do mundo, o segundo de cocaína, o maior local de passagem de droga do mundo. É uma série de títulos que não orgulham um povo. É um absurdo tratar isso como situação normal. É situação de exceção que merece tratamento de exceção". 

Heleno afirmou que o Brasil vive hoje uma crise moral, ética, econômica e social e está na beira do abismo, com a economia caótica, e que, para sair da situação, é preciso que os governantes também deem bons exemplos. "O governo tem que se pautar em três pilares: honestidade, transparência e austeridade. E esses precisam se apoiar no exemplo". 

Sobre a possibilidade de assumir o ministério da Defesa, Heleno disse que seria uma honra e uma realização profissional, mas comentou que prefere que a confirmação seja feita por meio de decreto no Diário Oficial da União. "Já tenho idade para não ficar alimentando nada que não seja concretizado", afirmou. 

Heleno disse ainda que a pasta tem estrutura sólida e foi uma das menos afetadas pelas gestões dos últimos governos, as quais qualificou como "catastróficas". Segundo ele, a influência político-partidária não foi capaz de modificar as diretrizes do ministério. Entre os desafios do novo ministro, citou o aumento da integração entre as forças e a luta por orçamento, tendo consciência das restrições.  

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